26-08-2019

Lata ganha mercado e já envasa mais de 50% da cerveja produzida no país

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O aumento do consumo de cerveja no Brasil tem provocado reflexos diretos no mercado de embalagens. Em busca de facilidades de armazenamento e distribuição, redução de perdas, como quebras, e maior proteção ao sabor da bebida, cervejarias de todo o país ampliaram a participação da lata no mercado nacional de cerveja, que já envasa mais de 50% do que é produzido no país. Reflexo do maior interesse do consumidor pela embalagem, o movimento é mais relevante nos grandes fabricantes de cervejas, mas também impacta as cervejarias artesanais.

Luiz Nicolaewsky Superintendente executivo do Sindicerv

Luiz Nicolaewsky
Superintendente executivo do Sindicerv

Responsáveis por 80% da produção de cerveja convencional no Brasil, os fabricantes associados ao Sindicato Nacional da Indústria de Cerveja (Sindicerv) apostam no crescimento de um dígito médio em 2019. Sobre as latas de alumínio, o superintendente executivo do sindicato, Luiz Nicolaewsky, afirma que a embalagem representa um ganho substancial para o meio ambiente.

“Acreditamos que o compromisso com o meio ambiente e com a sustentabilidade está crescendo em diversos segmentos e entre os consumidores. A indústria da cerveja tem compromissos com a redução de resíduos, com metas internas significativas e investimentos em tecnologia, e atua em favor da educação para a reciclagem e o consumo responsável”, afirma Nicolaewsky.

Carlo Lapolli Presidente da Abracerva

Carlo Lapolli
Presidente da Abracerva

As chamadas cervejas premium prometem ser um dos grandes puxadores de alta nas vendas de lata de alumínio. O crescimento desse segmento em 2019 está estimado entre 25 e 30%, segundo a Associação Brasileira de Cerveja Artesanal (Abracerva). O presidente da Associação, Carlo Lapolli, diz que as características da lata são ideais para o envasamento. “Além de leve, a embalagem é prática, segura e preserva o sabor do lúpulo”, diz ele.

Segundo o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), a cada dois dias, uma nova cervejaria artesanal abre as portas no Brasil. Estudo realizado pela pasta mostra que o número de cervejarias cresceu 23% em 2018, totalizando 889 estabelecimentos e 16.968 produtos, conforme dados do Anuário da Cerveja no Brasil. Só no ano passado, foram registrados 6,8 mil produtos, entre cerveja e chope, e abertas 210 novas fábricas.

A Associação Brasileira das Indústrias de Refrigerante e de Bebidas não Alcoólicas (Abir) informa que seus associados atuam com foco nos novos anseios do consumidor e que há anos vêm ampliando seus portfólios com opções para todos os gostos. Devido a inovações no processo de envase, entre outros aperfeiçoamentos na fabricação, tornou-se possível ter produtos 100% seguros sem o uso de conservantes. Para isso, foram lançadas novas embalagens, em tamanhos diferenciados, entre as quais a lata se destaca pela sua versatilidade.

Segundo o presidente executivo da Abralatas, Cátilo Cândido, a presença crescente da lata no mercado de bebidas se deve às diversas características positivas dessa embalagem. “Tanto os fabricantes quanto os consumidores de bebidas estão vendo que a lata de alumínio é uma ótima opção. Além de ser a embalagem para bebidas mais sustentável do planeta, é prática e está cada vez mais moderna.”

Artesanais em lata

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Do começo da produção de cervejas artesanais no Brasil, em 1995, até meados de 2015, a preferência dos fabricantes era pelas tradicionais garrafas de vidro. Hoje esse cenário já não pode ser descrito da mesma forma. Uma das maiores produtoras do mercado nacional, a Bierland, com mais de 15 anos de atuação e situada em Santa Catarina, anunciou no primeiro semestre de 2019 o fim do envasamento em garrafa e a comercialização somente em latas.

O gerente executivo da fabricante, Rubens Deeke, explica que a mudança faz parte de uma estratégia de reposicionamento da marca, que planeja entregar suas cervejas por um preço justo e acessível, mantendo seu padrão de qualidade. “Um aspecto fundamental na viabilização desse movimento foi o de abandonar o vidro e investir na lata de alumínio, uma embalagem que, aos poucos, vem superando o preconceito”.

Rubens detalha como foi o processo: “implantamos uma linha de envase completamente nova e optamos por desenvolver latas litografadas, mais interessantes no aspecto de escala, e criamos rótulos aderentes ao conceito da marca Bierland. A Crown Embalagens abraçou o projeto e o resultado foi magnífico. Temos trabalhado muito o conceito das latas junto ao consumidor, desmistificando a embalagem”, revela.

Segundo o gerente da Bierland, a estratégia está dando certo. “Aos poucos o consumidor está percebendo que há vantagens na lata. Acreditamos fortemente que cada vez mais cervejas artesanais serão envasadas nessa embalagem, confirmando o que hoje é uma das maiores tendências do setor, tanto no Brasil quanto no exterior”, avalia.

O presidente da Abracerva confirma a tendência do setor. Apesar de não haver números oficiais sobre a participação da lata no ramo, ele garante que em breve esses dados serão apresentados. “Estamos com uma parceria com o Sebrae e vamos levantar todas as informações”, diz Lapolli, que ressalta a evolução no cenário de artesanais nos últimos anos.

Segundo ele, que acompanha as novidades mundiais do setor, a tendência nos Estados Unidos é de que, nos próximos três anos, a lata também seja a principal embalagem das artesanais. Os dados, segundo ele, são da Associação dos Fabricantes de Cervejas Artesanais dos Estados Unidos (Brewers Association).