05-09-2017

Setor espera crescimento em 2017 e em 2018, estimulado pelas qualidades das embalagens

Depois de dois anos de retração (queda de 3,8% no PIB em 2015 e 3,6% em 2016), o país começa a mostrar leve retomada econômica e deve fechar o ano com um crescimento baixo do Produto Interno Bruto, próximo a 0,3%, conforme projeção do Banco Central. Os números apresentados pela economia no primeiro semestre também se mostram positivos para o setor de latas de alumínio para bebidas e apontam para um resultado positivo de um dígito baixo em 2017 (entre 1 e 2%), recuperando as vendas após uma queda de 4,1% verificada em 2016.

“Em 2016 foi registrada a primeira redução nas vendas desde 2003, mas as perspectivas são animadoras. Indicam uma retomada, ainda tímida, estimulada principalmente pelas vantagens da embalagem, que se adapta com facilidade às necessidades do consumidor e da indústria de bebidas. O ambiente econômico melhora, sim, e é perceptível o espaço que a lata vem conquistando gradualmente no mercado”, avalia Renault Castro, presidente executivo da Abralatas.

JORGE BANNITZ Presidente da Ardagh Group no Brasil

JORGE BANNITZ
Presidente da Ardagh Group no Brasil

A criação de novos formatos, adequados a cada momento de consumo, e a inovação na rotulagem da lata, com aplicações, tintas e vernizes especiais que atraem a vista nas prateleiras dos supermercados, valorizam a embalagem diante das concorrentes. Para o presidente da Ball Embalagens, Carlos Pires, esse fator é fundamental. “Você não consegue recompor um mercado com outras embalagens. A própria evolução da sociedade, especialmente no consumo doméstico, não aceita mais alternativas diferentes da lata”, disse.

Wilmar Arinelli, presidente da Crown Embalagens, lembra que outros fatores também devem favorecer o mercado de latas, especialmente em 2018, quando haverá eleições no Brasil e mais uma Copa do Mundo de futebol, dessa vez na Rússia, períodos tradicionalmente favoráveis ao consumo de bebidas. Mas destaca as vantagens da embalagem para ganhar participação de mercado. “As latas de alumínio são, de longe, a embalagem que mais oferece opções de experiências ao consumidor, com seus rótulos multicoloridos, em alta definição, com verniz de efeito tátil, tintas com efeitos especiais… Tudo isso possibilita que os fabricantes de bebidas promovam seus produtos e criem campanhas diferenciadas para o consumidor, incluindo promoções e eventos comemorativos.”

CARLOS PIRES Presidente da Ball Embalagens

CARLOS PIRES
Presidente da Ball Embalagens

Jorge Bannitz, presidente da Ardagh Group no Brasil, destaca outro ponto relevante no diferencial da lata sobre os concorrentes. “Seu baixíssimo peso reduz imensamente a pegada de carbono no processo de transporte, economizando combustível e causando menos desgaste dos caminhões e das estradas. Se comparamos com as embalagens de vidro retornáveis, a vantagem é aumentada, uma vez que não demanda o retorno ao fabricante e tampouco o processo de higienização da embalagem, com intenso consumo de água e produtos químicos que trazem impactos negativos ao meio ambiente.”

Para Renault Castro, presidente executivo da Abralatas, essas características próprias da embalagem realmente fazem a diferença entre as embalagens concorrentes. “A lata tem a facilidade de ‘vestir’ a campanha do fabricante de bebidas, seja ela cerveja, refrigerantes, sucos, chás, cachaças, vinhos, energéticos. O rótulo envolve toda a embalagem em datas comemorativas, como o Carnaval e o Natal, chama a atenção do consumidor no momento da compra. O envasador sabe dessa nossa vantagem competitiva e leva isso em consideração em suas estratégicas de mercado”.

Participação da lata

Com o fim do Sistema de Controle de Produção de Bebidas (Sicobe), no final de 2016, os números da fabricação total de cerveja passaram a ser estimados. Os últimos indicadores apontavam crescimento da participação da latinha no mercado de cerveja, chegando próximo a 48% do total, e estabilidade no mercado de refrigerantes (cerca de 8% da produção total).

“Há cerca de cinco anos, a participação da lata não chegava a 40% na preferência das cervejarias. Crescemos porque a embalagem atende a tudo o que o consumidor e o produtor de cerveja desejam: uma embalagem leve, que gela rápido, não quebra, que protege o sabor da bebida. Nas regiões Sul e Centro-Oeste, a participação da lata já passa de 60%”, ressalta Renault Castro.

“O que se percebe, com o crescimento das cervejas especiais, é a chegada ao país de uma tendência mundial: o envasamento em latas de alumínio. Estima-se que a produção de cerveja artesanal chegue a 2% do mercado nacional nos próximos cinco, seis anos. E, para conquistar essa fatia do mercado, o fabricante de cervejas especiais está optando cada vez mais pela lata, que é mais segura na distribuição e oferece melhor proteção para o sabor da bebida”, reforça o presidente executivo da Abralatas.

Crise

WILMAR ARINELLI JÚNIOR Presidente do Conselho de Administração da Abralatas

WILMAR ARINELLI JÚNIOR
Presidente da Crown Embalagens

O clima de incerteza política e econômica no país também acaba afetando investimentos e a produção de diversos setores da economia. “A instabilidade política e econômica representa, sem dúvida, um grande desafio para o setor produtivo. Inibe investimentos e adia planos de expansão. Mas a Crown segue trabalhando firmemente no atendimento das necessidades de seus clientes, viabilizando parcerias de longo prazo e trazendo produtos em linha com o oferecido nos maiores mercados mundiais”, comentou Wilmar Arinelli, presidente da Crown Embalagens.

Carlos Pires também vê impacto da conjuntura econômica sobre a retomada. “É ainda o maior fator de influência no desempenho do setor. Vemos 2017 como outro ano difícil para a indústria, dada a taxa de desemprego e a perda do poder aquisitivo da população em geral. Talvez vejamos alguns sinais mais concretos de melhora no último trimestre do ano”, disse. “Temos trabalhado em novidades que possam ser oferecidas ao consumidor e estamos antenados em relação a experiências de individualização de consumo.”

Jorge Bannitz também espera resultados melhores apenas para o próximo ano. “Para 2018, se o país tiver contornado a atual crise, deveremos perceber uma recuperação no segmento de bebidas, favorecendo também os setores de embalagens. Não me surpreenderia se pudéssemos auferir crescimento na ordem de 5% nas latas de alumínio para bebidas no próximo ano. Um fenômeno que já persiste há mais de uma década é a substituição das embalagens retornáveis de vidro por latas, no caso das cervejas. Essa migração combinada com o crescimento do próprio setor cervejeiro habitualmente culmina com taxas de crescimento robustas.”