05-09-2017

Preocupação global com o clima, ações nacionais de sustentabilidade

WILMAR ARINELLI JÚNIOR Presidente do Conselho de Administração da Abralatas
WILMAR ARINELLI JÚNIOR Presidente do Conselho de Administração da Abralatas

WILMAR ARINELLI JÚNIOR
Presidente do Conselho de
Administração da Abralatas

Há dois anos, em Paris, 195 países chegaram a um acordo inédito para combater o aquecimento global, comprometendo-se a adotar medidas para limitar o aumento da temperatura média do planeta em 2°C até o final do século. Neste ano, em Bonn, na Alemanha, onde será realizada a COP-23, cada país signatário terá que estipular suas metas para colaborar com o controle do clima. Um problema: o passo atrás dado pelo governo americano, cético com relação aos estudos relacionados ao aquecimento global.

No Brasil, percebeu-se um grande avanço com a implementação da Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), que tornou clara a responsabilidade de todos pelo lixo que produzimos. Mais do que isso, a PNRS teve um papel educativo, ao inserir na cultura brasileira a preocupação com o impacto ambiental dos nossos hábitos de consumo. Um obstáculo: o descumprimento da PNRS em relação ao fim dos lixões, que deveriam ter sido fechados em 2014.

Nesta edição da Revista da Lata queremos reforçar a necessidade de uma solução para o reaproveitamento máximo dos resíduos sólidos. A parcela do lixo urbano que está sendo reciclada ainda é muito pequena e, com a manutenção dos lixões, continuará sendo. Dizem os especialistas que a principal solução para conter o aumento da temperatura do planeta passa necessariamente por uma mudança radical nas matrizes de produção e consumo das diversas fontes de energia, em especial as de origem fóssil.

No caso da PNRS, o sucesso do modelo passa pelo fim dos lixões.

Nem tudo, felizmente, é motivo para pessimismo. Examinamos o andamento do trabalho das prefeituras nas cidades que estão recebendo ações da Coalizão Empresarial, grupo que assinou um compromisso com o Governo Federal para implementar modelo de logística reversa das embalagens em geral. Verificamos que também as prefeituras começam a apoiar cooperativas de catadores de materiais recicláveis – outra determinação da PNRS.

A Revista da Lata destaca mais um problema detectado em cidades que estão distantes das recicladoras de vidro. Em Brasília (DF), bares e restaurantes decidiram boicotar bebidas vendidas em garrafas de vidro descartável. O motivo: não é viável a reciclagem de vidro na região da capital federal e da maioria das cidades brasileiras. Agrava a situação o fato de que a indústria do vidro não integra a citada Coalizão e não tem compromisso com o recolhimento das garrafas que produz. Nada menos que 22 mil toneladas do material seguem anualmente para o novo aterro sanitário de Brasília. O problema parece ter motivado a indústria cervejeira a apostar nas embalagens retornáveis. Acendeu-se o alerta nos supermercados, que abandonaram há anos o caro e perigoso esquema de receber e armazenar as embalagens vazias.

São questões que resvalam no nosso Ciclo de Debates Abralatas, que amplia para outros setores da economia os desdobramentos de uma política tributária que leve em consideração o impacto ambiental de bens e serviços. A análise de experiências internacionais pode colaborar para a construção de um modelo brasileiro, cada vez mais necessário na medida em que o consumidor ganha maior consciência da necessidade de participar dos esforços mundiais, para que o nosso planeta se desenvolva de forma sustentável.