05-09-2017

Embalagem em fina sintonia com o mercado

Presentes no Brasil há quase 30 anos, os fabricantes de latas de alumínio para bebidas souberam, desde o início, entender as necessidades do consumidor. O primeiro passo foi iniciar o que hoje se chama de “logística reversa”, estimulando a coleta e a reciclagem da embalagem. As estratégias da indústria também deram uma resposta rápida a outras demandas do setor de bebidas e do consumidor, como as inovações nas impressões de rótulos e no oferecimento de variados formatos e tamanhos. Hoje, a latinha tradicional de 350 ml ainda domina, mas os outros modelos já são responsáveis por quase a metade das mais de 25 bilhões de latas produzidas anualmente.

A lata de alumínio surgiu no Brasil em 1989 acompanhada de um programa de estímulo à reciclagem. No livro “A Moeda de Lata”, o jornalista e economista José Roberto Giosa conta como foram os primeiros momentos da logística reversa da embalagem. O valor da lata descartada deu origem a uma atividade econômica essencial para o meio ambiente, a da coleta de resíduos sólidos, e desenvolveu a consciência da sociedade sobre a importância da reciclagem.

Demandada pelo consumidor, a lata ampliou sua fabricação. A indústria investiu, construiu novas fábricas, descentralizou a produção. “Foi fundamental naquele momento se aproximar geograficamente do fabricante de bebidas. A lata vazia, como diria o poeta, está cheia de ar. O deslocamento para a fábrica de cerveja, refrigerante, suco significa transportar ar, ampliando a emissão de gases de efeito estufa. A solução foi instalar unidades fabris de latas próximas dos envasadores”, conta Renault Castro, presidente executivo da Abralatas.

Aos poucos, as fábricas de latas de alumínio para bebidas chegaram a todas as regiões do país. Hoje são 16 unidades que produzem o corpo da embalagem e quatro que fabricam a tampa. Em 2016, foram responsáveis pela produção de aproximadamente 25 bilhões de unidades, o terceiro maior volume mundial, atrás apenas da China e dos Estados Unidos.

Montagem latasA Ardagh conta com unidades em Alagoinhas (BA) e Jacareí (SP), e planeja colocar em funcionamento em 2018 sua primeira fábrica de tampas em Manaus (AM). A Ball tem fábricas em Águas Claras (RS), Belém (PA), Brasília (DF), Cuiabá (MT), Extrema (MG), Jacareí (SP), Pouso Alegre (MG), Recife (PE), Santa Cruz (RJ) e Três Rios (RJ), além de unidades produtoras de tampas em Simões Filho (BA), Manaus (AM) e Recife (PE). A Crown Embalagens possui unidades em Cabreúva (SP), Estância (SE), Ponta Grossa (PR) e Teresina (PI), e uma fábrica de tampas em Manaus (AM).

A mais recente expansão da produção da latinha veio com os lançamentos de embalagens em novos formatos e tamanhos, atendendo demandas do consumidor. “Uma das marcas da latinha é a inovação permanente. Atualmente são ofertadas 12 opções de latas em formatos e tamanhos diferentes para qualquer tipo de bebida, inclusive já utilizadas em campanhas recentes como a das minilatinhas da Coca-Cola e da bebida H2OH!, que diminuiu o tamanho e mudou o material da embalagem de alguns sabores da bebida, originalmente de 500 ml em PET, para 310 ml em lata”, destaca Renault.

Um dos formatos que mais ganhou mercado foi o modelo sleek de 269 ml. “Mais finas, estas latas são adequadas para eventos mais refinados. Destacam-se no consumo direto, dispensando copos sem perder a sofisticação”, explica o presidente executivo da Abralatas. Essa sleek representa cerca de 25% da produção total de latas de alumínio no Brasil. Um pouco mais do que o chamado “latão”, embalagem de 473 ml ou mais, normalmente utilizada no consumo compartilhado.

Há também uma grande variedade de tecnologias de impressão de rótulos, vantagem exclusiva da lata que atende às várias estratégias comerciais dos fabricantes de bebidas, como a aplicação de tintas termocrômicas, que avisam quando a bebida está na temperatura ideal para ser consumida.

“A mudança nos hábitos de consumo da população é um termômetro que indica o caminho para o desenvolvimento de novos produtos”, avalia Renault. “Um fator muito relevante hoje é a crescente preocupação do consumidor com a saúde, o que levou a indústria de bebidas a reduzir as doses individuais, com menor quantidade de calorias, açúcar e sódio. Para isso, a latinha é a embalagem mais adequada com opções de tamanhos menores”.

“Nos Estados Unidos”, conta, “alguns fabricantes viram crescer apenas o consumo de doses menores. Um grande fabricante de bebidas confirmou que a venda de suas bebidas em embalagens maiores perdeu mercado, passando de 90% das vendas em 2011 para 85%. Também em solo americano, outro importante fabricante informou que as vendas em embalagens maiores vêm caindo a uma média anual de 2,6% desde 2011, enquanto as vendas em embalagens menores cresceram 1,8% ao ano, no mesmo período”, conclui Renault.

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