05-08-2015

Incertezas e soluções

A incerteza sobre o futuro da economia brasileira não nos permite comemorar, como deveríamos, o excelente resultado registrado em 2014 no setor de latas para bebidas. A realização da Copa do Mundo no Brasil proporcionou um crescimento excepcional no primeiro semestre e salvou o ano. Nos últimos meses de 2014 já era visível a queda no consumo de bebidas que estamos verificando neste início de ano. Na média, conseguimos um incremento nada desprezível de 10,7% em relação ao ano anterior, vendendo 23,8 bilhões de latas para bebidas, o terceiro maior mercado mundial.

Mesmo assim, cautela tem sido a palavra de ordem do setor. As expectativas sobre a economia brasileira, somadas a um cenário político nebuloso, não são nada animadoras, com previsão de inflação acima do planejado, crescimento da taxa de juros, instabilidade cambial, aumento de tarifas.

Pesquisa da Confederação Nacional da Indústria (CNI) indica uma queda de 8,8% na intenção da indústria sobre investimentos em 2015. O estudo revela que 69% das empresas pretendem investir neste ano, mas esse percentual já foi de 91% em 2011 e, de lá para cá, registrou queda constante. E, entre os que têm intenção de investir, só um terço será sobre novos projetos. Além disso, as mudanças cambiais desestimulam compras de maquinário e equipamentos importados. O percentual de empresas que pretendem comprar máquinas no exterior caiu cerca de 15%.

A indústria de latas para bebidas segue, basicamente, o retrato apresentado pelos indicadores da CNI. A incerteza econômica e a reavaliação da demanda são os dois principais fatores que influenciam uma decisão por novos investimentos. Com o elevado consumo da embalagem em 2014, a base para crescimento já se mostra superaquecida.

A solução será focar na redução de custos e no aumento da eficiência e da competitividade. Nos últimos anos, fabricantes perceberam aumento do interesse do consumidor e dos envasadores por embalagens mais práticas, adequadas a cada momento de consumo. Daí destinar boa parte dos recursos para ampliar as linhas de produção de novos formatos e incrementar a tecnologia aplicada na rotulagem, um diferencial que a lata tem sobre seus concorrentes.

O fabricante de bebidas também busca aumentar a eficiência nestes tempos incertos. E a lata ganha mercado tornando a linha de produção mais eficiente e com um tempo muito menor de envase do que outras embalagens. A participação da latinha no mercado de cerveja cresce ano a ano e está muito próxima de atingir a metade da produção nacional.

São esses diferenciais que tornam a lata uma boa opção, especialmente em momento de crise. Atrativa nas prateleiras, adequada a cada momento de consumo, vantajosa para o envasador e – sempre é bom lembrar – uma embalagem 100% reciclável, com o maior índice de reaproveitamento do mundo, trazendo vantagens também para o meio ambiente.

Essa questão é altamente relevante quando se tem aumento de custos de energia elétrica. A reciclagem da lata reduz em 95% o consumo de energia necessária para produzir a mesma quantidade de alumínio a partir da bauxita. Mas não é só isso. Apesar de ser uma indústria eletrointensiva, a lata gasta menos energia por volume de bebida envasado.

São fatores que impactam as decisões da indústria de bebidas e que, certamente, vão indicar os caminhos para novos investimentos para os fabricantes de latas para bebidas. Novos formatos, novas tecnologias, sustentabilidade são expressões plenamente apoiadas pelo mercado, que busca incansavelmente maior competitividade e eficiência. Uma procura que está em nossas mãos.

Renault Castro (foto), presidente executivo da Abralatas, é economistas (M.Sc), com MBA em Direito Econômico.