04-11-2011

Imposto sobre imposto

Manter o índice de reciclagem próximo dos 100% pode representar benefícios para a sociedade, mas não significa qualquer redução de custos para a indústria da lata. A conclusão é do diretor executivo da Abralatas, Renault Castro, que critica a ausência de políticas fiscais que estimulem o reaproveitamento de resíduos.

“O ciclo de uma lata de alumínio é de 30 dias. Ela sai da gôndola do supermercado, é consumida, descartada, coletada, reciclada, vira novamente uma lata e volta para a gôndola em 30 dias. E toda vez que volta, paga o mesmo imposto. Ou seja, o consumidor paga 12 vezes por ano imposto sobre o mesmo material”, argumenta Renault. “Não queremos privilégio. Queremos, no mínimo, um tratamento tributário isonômico em relação a outras embalagens que, hoje, pagam menos impostos que a lata”.

A reciclagem de 239,1 mil toneladas de latas em 2010 representou uma redução de consumo de energia, de matéria prima (bauxita) e da emissão de gases de efeito estufa. O processo libera apenas 5% das emissões, quando comparado com a produção da mesma quantidade de alumínio primário. A economia de energia chega a 3.683 GWh/ano ou 0,8% do total consumido no país. Isso seria suficiente para atender a demanda anual residencial do todo o estado de Pernambuco durante um ano.

Outro ponto positivo da reciclagem, destaca Renault Castro, é a geração de empregos. Sabe-se que o número de catadores hoje, no país, está próximo de um milhão de pessoas. Somente para coletar as quase 240 mil toneladas de latas, seriam necessários 251 mil trabalhadores. “Isso mostra a importância da lata para o sistema de coleta. O catador tem uma renda garantida com a lata, que tem preço elevado no mercado e, com isso, pode coletar outros materiais menos valiosos. A lata acabou estimulando a reciclagem de outros materiais”.

>> Notícias da Lata - Edição 40

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