24-08-2016

Crescimento e responsabilidade na crise

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Renault Castro, presidente executivo da Abralatas, é economista (M.Sc.), com MBA em Direito Econômico.

O país passa por uma de suas piores crises econômicas e seus reflexos podem ser vistos por toda parte. O Produto Interno Bruto despencou em 2015, chegando ao pior resultado desde 1990. O desemprego passou da marca de 10%, reduzindo a renda per capita e o consumo, fechando um ciclo que afetou a produção industrial. Nesse cenário, que provocou retração também na produção de bebidas, não houve como comemorar o crescimento de 1% nas vendas de latas para bebidas registrado em 2015.

A latinha ganha mercado ano a ano, especialmente por ter apostado na descentralização da produção e na fabricação de embalagens em formatos e tamanhos diferenciados. Assim, a expectativa para 2016 continua no mesmo ritmo, com possibilidade de crescimento mínimo, desempenho que já seria digno de nota numa economia que mantém previsão de queda próxima a 3,8%.

Com isso, a comercialização brasileira de latas para bebidas se aproxima de uma marca importante: 25 bilhões de unidades/ano. E justo em um momento importante para o setor, que passa a apresentar uma nova configuração estrutural. Entra um novo player, a europeia Ardagh, e dois fabricantes, Rexam e Latapack-Ball, fundem-se para formar a Ball, completando o time de produtores com a Crown Embalagens. Cada um na sua estratégia concorrencial, atuam cautelosos com seus planos de expansão porque as circunstâncias econômicas do país assim o exigem.

Ao longo desses 27 anos da latinha no país, os fabricantes investiram forte para descentralizar a produção, oferecendo a embalagem aos produtores de bebidas de todas as regiões. Hoje são 20 unidades industriais – quatro delas de tampas – que conquistam o consumidor com embalagens adequadas a cada momento de consumo. Os novos nomes do setor – Ardagh, Ball e Crown – saberão encontrar novas soluções para o mercado brasileiro.

As características da lata, entretanto, chamam a atenção para outro ponto importante no cenário internacional. A Conferência do Clima (COP 21), realizada em Paris, motivou governos a apresentarem alternativas de redução das emissões de carbono. O governo brasileiro concentrou os seus compromissos no combate ao desmatamento ilegal e no reflorestamento, dois pontos com forte impacto no controle das emissões e propôs-se também a estabelecer um prazo para a descarbonização da economia, determinando que até 2100 o Brasil eliminará as suas emissões de gases poluentes na atmosfera.

Há alguns anos a Abralatas coloca em debate a proposta de adoção da chamada Tributação Verde, ou seja, a implantação de um modelo tributário que leve em consideração os impactos ambientais dos diversos bens e serviços. Definitivamente não é o caminho mais fácil. Mas são incalculáveis os resultados da utilização desse sistema na cultura socioambiental de uma comunidade, bem como o seu impacto na educação ambiental e os seus reflexos na preservação do meio ambiente.

Trata-se de uma opção que viabilizaria o alcance de um nível de consumo sustentável, compatível com uma economia de baixo carbono. Mas, infelizmente, a aceitação desse modelo pelo governo brasileiro ainda é pequena e diminui especialmente em momentos de crise.,

De qualquer forma, os fabricantes da embalagem mais reciclada do mundo estão dando a sua contribuição. E estarão sempre prontos a colaborar com os setores que trabalham para reduzir o impacto ambiental de suas atividades.