05-08-2015

Análise de Ciclo de Vida confirma vantagens ambientais do uso da lata

Considerada a embalagem mais reciclada do mundo há mais de dez anos, com índices próximos a 100%, a lata de alumínio para bebidas brasileira carrega um “conteúdo” reconhecido por todos: o de sustentabilidade. A comprovação de seu baixo impacto ambiental não fica limitada, porém, às vantagens da reciclagem. Estudo elaborado pelo Centro de Tecnologia de Embalagem (Cetea), do Instituto de Tecnologia de Alimentos (Ital), revela o impacto de todo o ciclo de vida da latinha e confirma as vantagens ambientais da embalagem.

Órgão vinculado à Agência Paulista dos Agronegócios (Apta) e à Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, o Cetea analisou diversos aspectos na produção da lata, considerando consumo de energia, de recursos naturais, resíduos sólidos gerados e emissões para o ar e para a água. Os dados permitem ver o impacto em cada fase da produção, desde a extração da bauxita até a distribuição da embalagem pelo país.

“Entendemos que, quanto mais transparente, melhor para todos. Quanto mais o consumidor souber o impacto de suas decisões de consumo, mais exigente ele vai ficar”, observa o presidente executivo da Abralatas, Renault Castro. “A Análise de Ciclo de Vida da lata serve como uma referência para o consumidor compará-la com outros produtos, mas serve também para subsidiar políticas públicas que estimulem a produção e o consumo sustentáveis”, comentou, lembrando que o estudo será importante, também, para a indústria aperfeiçoar o processo de produção e reduzir ainda mais o impacto ambiental da latinha.

O estudo do Cetea considera três níveis de reciclagem da lata: sem reciclagem (0%), 50% e 97,9%, que é o último índice disponível no Brasil (2012). No caso da pegada de carbono, por exemplo, que mede as emissões de gás carbônico e de outros gases de efeito estufa em todo o ciclo de vida da embalagem, o Cetea constatou que, para cada mil litros de bebida envasada, a quantidade de gás emitida é de 238 quilos para reciclagem zero, 153 para reciclagem de 50% e 70 quilos para reciclagem de 97,9%. Ou seja, a reciclagem brasileira reduz em até 70% as emissões de gases de efeito estufa da lata.

Da mesma forma, o estudo comprovou o impacto da reciclagem na redução de recursos naturais utilizados no ciclo de vida da lata. Com o índice brasileiro de reciclagem, o uso de água, por exemplo, cai em 65%. E o uso da bauxita, mineral de onde se produz o alumínio, é reduzido em 93%, constatou o Cetea.

No caso do consumo de energia, o estudo incluiu todas as fases, até mesmo a utilização de combustíveis nos processos industriais e transporte de matérias-primas e insumos. Com a reciclagem atual, o consumo de energia renovável cai em até 80%, enquanto a queda de uso de energia não renovável (queima de combustíveis fósseis) chega a 59%.

Os números levantados pelo Cetea, analisa Renault, são importantes também quando se pensa em adotar a rotulagem ambiental no país, como está propondo o Inmetro. “O desempenho ambiental de produtos e serviços vem sendo praticado em diversos países e não é apenas uma ação de marketing, mas de responsabilidade do produtor, do consumidor e das autoridades”, avalia Renault Castro.