23-12-2010

A vez da Classe C

Indústria fecha ano com 17,3 bilhões de latas vendidas

O bom desempenho da economia no ano passado e a melhora na renda média do brasileiro, aliado à realização da Copa do Mundo na África do Sul, impulsionou a venda de latas de alumínio para bebidas em 16,9% em comparação a 2009, um aumento de 2,5 bilhões de unidades. Em termos absolutos, a indústria fechou 2010 com 17,3 bilhões de latas vendidas.

“A performance do setor consolida a posição do Brasil, que se encontra entre os três maiores produtores de latas do mundo. Para este ano de 2011, os fabricantes continuam apostando em um crescimento significativo da demanda”, comentou o diretor executivo da Abralatas, Renault Castro.

Nos últimos quatro anos, o crescimento do consumo de latas de alumínio aumentou em média duas vezes mais que o crescimento econômico anual. Segundo especialistas, é forte a tendência de aumento ainda maior do consumo de bebidas em latas pelos brasileiros nos próximos anos, principalmente entre os consumidores das classes C e D. Graças à melhoria da renda, essas camadas da população conquistaram qualidade no consumo e passaram a adquirir mais produtos antes destinados às classes A e B.

Um estudo da Fundação Getúlio Vargas (FGV), relativo ao período entre 2003 e 2009 (último dado disponível), indica que cerca de 29 milhões de brasileiros da classe “C” foram alçados à condição de classe média, que já representa mais de 50% da população brasileira. Outros estudos mostram que atualmente 84% das compras totais nos supermercados – principal ponto de distribuição da lata – são realizadas pelas classes C e D.

info_35_foto_08Além do aumento da renda e do otimismo da população, que provocou um consumo recorde de bebidas no início do ano, a Abralatas acredita que parte do incremento da demanda está também ligada à questão ambiental. “Como a lata é considerada a embalagem de menor impacto ambiental, esta nova percepção do consumidor com os riscos do aquecimento global acaba influenciando positivamente a estratégia dos fabricantes de bebida e o consumo de latas”, afirmou o presidente da Abralatas, Rinaldo Lopes (foto).

Outro fator importante em 2010 foi a realização da Copa do Mundo da África do Sul. Apesar da performance da seleção Canarinho, o torcedor brasileiro praticamente dobrou o consumo de bebidas de um mês frio, como julho. “Foi como se tivéssemos outro verão no ano”, avalia Rinaldo.

Novos Formatos

As novas formas de apresentação das embalagens, como o formato sleek (310 ml) para cervejas, também caíram definitivamente no gosto do consumidor brasileiro. O aumento médio da demanda por essas novas embalagens chegou a mais de 40% em 2010 e a estimativa é que o consumo dos formatos não tradicionais continue sua trajetória de crescimento.

Esses novos formatos representam hoje cerca de 15% da produção nacional de latas e se tornaram mais um info_35_foto_09diferencial da indústria para os fabricantes de bebidas que desejam variedade de embalagens de seus produtos – como no caso do vinho, conhaque, sucos e outros. São novas opções para o consumidor, apropriadas para diferentes ocasiões de consumo.

“Seja porque são práticas, elegantes ou mesmo mais elaboradas, a verdade é que os formatos diferencia-dos caíram no gosto do consumidor. É uma opção que outras embalagens não podem oferecer aos fabricantes de bebida com tanta variedade”, completou Renault.

Nordeste: o fiel da balança

Para o presidente do Sindicado Nacional da Indústria da Cerveja (Sindicerv), Gilmar Viana, além a melhoria da renda da população, o crescimento da preferência do brasileiro pela lata deve-se ainda a fatores como praticidade e facilidade de transporte e refrigeração, além da preferência de utilização da lata nos grandes eventos. Somam-se a estas variáveis, a questão ambiental, e a agilidade da cadeia da lata que faz com que ela seja reciclada com rapidez.

O setor de cervejas ainda não tem contabilizados os dados de 2010. Mesmo assim, o presidente do Sindcerv comemora os resultados dos últimos anos. Segundo ele, em 2009, o consumo nacional do produto cresceu 10,9%, contra 10,4% no ano anterior, apesar da crise econômica internacional. O mercado somou 10,91 bilhões de litros de cerveja fabricados e comercializados em todo o País, gerando faturamento bruto do setor de R$ 31 bilhões em 2009. Neste ano de 2011, a estimativa é que o aumento do consumo cresça entre 10% e 12%.

Em volume, o consumo anual de cerveja que era de seis bilhões de litros por ano em 2003, passou para 12 bilhões de litros em 2009, segundo Viana. Confirmando as pesquisas da FGV, Gilmar Viana disse que o consumo aumentou justamente em uma das regiões mais pobres do país. “Alguns fatores são levados em conta para explicar este crescimento: a explosão de consumo no Nordeste devido ao aumento da renda per capita da população daquela região”, disse.

O consumo brasileiro de cerveja, porém, está muito abaixo de países onde essa cultura já é uma tradição. É o caso da Alemanha, por exemplo, onde a primeira cervejaria tem mil anos de criação. Entre os alemães, o consumo por habitante está em torno de 120 litros/ano, de acordo com o Sindicerv. Na República Checa, o consumo por pessoa supera 150 litros anuais e no Brasil ainda não alcançou 60 litros/ano.

Descentralização da produção

Para acompanhar o crescimento consistente do consumo, os fabricantes de latas de alumínio para bebidas apostaram na descentralização geográfica das suas unidades fabris, que estão distribuídas por 15 Estados, e confirmaram novos investimentos para ampliar a capacidade de produção. Até abril de 2012, as fábricas brasileiras terão mais do que o dobro da capacidade de produção existente no início da década. Para isso, foi definido um programa de investimentos para o período de 2010 a 2012 no valor de R$ 1,1 bilhão, já em plena execução.

As três fabricantes iniciaram 2010 com capacidade para produzir 16,8 bilhões de unidades por ano, com uma margem de 2 bilhões sobre as vendas de 2009. O inesperado consumo do verão passado, que surpreendeu os fabricantes de bebida, obrigou o setor a importar latas para atender o mercado no início do ano. Estima-se que 1,2 bilhão de embalagens entraram no país em 2010.

A produção foi ampliada ao longo do ano, com a entrada em funcionamento de novas unidades e com a ampliação de linhas de produção existentes, com o que normalizou-se o fornecimento da embalagem. A previsão é que até abril de 2012 o país tenha capacidade de produzir mais de 26 bilhões de latas de alumínio para bebidas/ano.

>> Notícias da Lata - Edição 35

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