15-08-2012

Produção deve atingir 20 bilhões de unidades em 2012

Se o desempenho do setor de latas para bebidas esteve, no ano passado, bem acima do crescimento da economia do País, as expectativas dos fabricantes, para 2012, são ainda melhores. Justificam os investimentos realizados e a diversificação de produtos lançados em todo o País, dizem os fabricantes.

Muito provavelmente, o Brasil chegará este ano a produzir mais de 20 bilhões de latas de alumínio, número impossível de ser atingido há poucos anos. Graças aos investimentos realizados pelos fabricantes, a capacidade de produção brasileira atingirá cerca de 25 bilhões de unidades até o final de 2012.

Renato Estevão, diretor da Rexam

Renato Estevão,
diretor da Rexam

No horizonte deste ano, os fabricantes dividem o desafio de encontrar, conforme afirma Renato Estevão, diretor da Rexam, “um equilíbrio entre demanda e investimento em novas capacidades”. Segundo ele, “em 2010 a demanda superou a oferta e, em 2011, em função do otimismo do ano anterior, registramos um excedente”.

Também para Jorge Maurício Bannitz, diretor da Latapack-Ball, “embora a capacidade instalada seja suficiente para atender a demanda de 2012, seja ela qual for, o dimensionamento adequado dos estoques é um fator que pode trazer dificuldades para o nosso mercado”.

Já Rinaldo Lopes, presidente da Crown Embalagens, acrescenta, dentre os desafios para este ano, a necessidade de consolidar os investimentos feitos para atender a demanda nos próximos anos e oferecer ao mercado embalagens diferenciadas, atingindo a expectativa de crescimento de 7 a 8%. Ele vê também a “necessidade de motivar o consumo de latas especiais em mercados embrionários e atender a demanda interna para que não haja mais importação”.

Rinaldo Lopes, presidente da Crown Embalagens.

Rinaldo Lopes,
presidente da Crown Embalagens.

Na visão dos fabricantes, as razões para confiar na superação desses desafios e alcançar a expectativa de crescimento das vendas são bastante factíveis. “Acredito em três fatores fundamentais: o reajuste, acima da inflação, de 14% do salário mínimo, recompondo a renda do consumidor final; eleições municipais que irão promover festas e eventos que acarretam o aumento do consumo de bebidas, preferencialmente em latas; e aquecimento da economia, causada pelo investimento do governo em infraestrutura. Estamos prevendo um crescimento do PIB de 3,5% a 4%, o que vai gerar maior empregabilidade, ajudando no aumento do consumo”, resume Rinaldo.

Bannitz acrescenta a variável climática, dentre os fatores que influenciarão o desempenho do setor. “É um ponto importante”, disse ele, ponderando que, sob este aspecto, “2011 foi um ano atípico, apresentando temperaturas muito abaixo das médias históricas e também com incidência de chuva acima do normal na principal região do país em termos de consumo de lata, a região Sudeste, que, historicamente, consome mais de 65% das latas comercializadas”.

Outro fator apontado pelo diretor da Latapack-Ball diz respeito ao preço, especialmente da cerveja. Segundo ele, na cidade de São Paulo, o produto em lata apresentou, em pouco mais de um ano, variações médias acima de 25%. “Parece ter havido um exagero. Na medida em que as forças do mercado, motivadas pela alta competitividade do setor, atuem sobre esta classe de produto, ajustes deverão ser notados”.

Outra aposta do setor para 2012 é o crescimento do mercado de latas de formatos especiais, uma tendência que vem sendo observada nos últimos anos. Em 2005, por exemplo, as latas tradicionais de 350ml representavam 99,5% do que era vendido no país. Hoje, os demais formatos já representam 20%. A expectativa do setor é que esse percentual suba mais dez pontos este ano.

As latas sleek de 269ml e 310ml, segundo Jorge Bannitz, prometem atrair a atenção dos consumidores e, consequentemente, das cervejarias. “A menor, de 269ml, é totalmente alinhada com a obsessão do amante da cerveja no Brasil, que demanda a bebida estupidamente gelada”.

Jorge Maurício Bannitz, diretor da Latapack-Ball.

Jorge Maurício Bannitz,
diretor da Latapack-Ball.

A Latapack-Ball está apostando nesse segmento, tanto que começou a fabricar o formato sleek no tamanho inédito de 350ml. É uma lata com um visual diferenciado, que deverá chamar a atenção dos nossos clientes para os seus produtos especiais. Segundo Bannitz, “a primeira impressão desta embalagem é muito marcante, comparável a uma Top Model: alta, fina e muito elegante”.

A Crown está apostando nos canais de vendas específicos e na quebra de paradigmas, com os fabricantes investindo em flexibilidade de produção em todo o país, com mais opções e variedades de tamanhos. Para Rinaldo Lopes “haverá uma diminuição do custo e maior motivação e incentivo às latas especiais na conquista de novos mercados. Hoje temos 20% da participação de latas especiais e acreditamos que poderemos chegar a 30%”.

A Rexam também acredita que as latas sleek serão as grandes estrelas do ano. A produção dobra ano a ano. “É uma embalagem bastante procurada por organizadores de eventos, pois conseguem gelar o produto com mais facilidade em larga escala”. Mas Renato Estevão vê que ainda há espaço para crescimento do formato tradicional no mercado de cerveja, que registrou, nos últimos anos, aumento da participação da lata entre as embalagens. Em pouco mais de dois anos, a lata conquistou cinco pontos percentuais no market share de embalagem de cerveja, chegando a 38% de participação, um número que pode crescer ainda mais, como ocorre em vários outros países, especialmente pelo aumento da renda média da população.

Itaipava_Light_-_Inovacao_PremiadaBannitz concorda. “A lata se tornou mais competitiva e vem tomando participação, principalmente da garrafa de 600ml. Quando o consumidor percebe que pode contar com mais qualidade no produto e não precisa pagar a mais por isso, a mudança é definitiva”, destaca o diretor da Latapack-Ball, lembrando que a lata garante melhor proteção quanto à perda de gás, à entrada de oxigênio e contra os efeitos da claridade sobre a bebida.

O presidente da Crown destaca outro fator que pode estar valorizando a imagem da lata diante do consumidor: a sustentabilidade. “Isso vem se tornando cada vez mais forte na cabeça das pessoas, que estão optando por produtos recicláveis”, analisa Rinaldo.

Renato Estevão alerta para a perda de participação em segmentos consolidados, como o mercado de energéticos. “Até recentemente a lata tinha praticamente 100% de market share, começou a sofrer concorrência da embalagem PET, tamanho familiar, que vem sendo utilizada, principalmente pelas marcas mais populares, que têm uma estratégia focada em baixo preço”.

Por várias razões, a confiança em 2012 é a tônica no setor, que mantém seus investimentos, no aumento e na diversificação da produção, inclusive em novas unidades fabris. Um ano com crescimento econômico, aumento de renda da população, bom clima e, de quebra, com muitos feriados emendados. É tudo o que o setor pode desejar para obter um resultado ainda melhor do que no passado.