07-06-2018

Otimismo sempre, mas sem deixar a bola cair

WILMAR ARINELLI JÚNIOR Presidente do Conselho de Administração da Abralatas

WILMAR ARINELLI JÚNIOR
Presidente do Conselho de Administração da Abralatas

O Brasil tem mais uma chance, neste ano, de definir seu rumo e estruturar seu futuro. Os próximos governantes, quaisquer que sejam, encontrarão um país cambaleante, ainda respirando, mas com um descrédito crescente da população sobre a política e sobre os políticos. Perder a esperança, porém, é pior para todos. É desistir. É propagar o vírus do pessimismo.

Ao longo dos tempos nos acostumamos, por exemplo, a nos desfazer de nosso lixo doméstico sem tomar o devido cuidado. Consumimos e queremos nos livrar a todo custo dos resíduos que geramos. Há uma frase nesta edição, do velejador Amyr Klink, que deixa claro o resultado desse comportamento: “Ninguém joga fora o seu lixo; joga no próprio pé”. O problema está à nossa porta, no descarte equivocado de resíduos, na vitória do comodismo e da vantagem financeira sobre o benefício ambiental.

É isso que está por trás da campanha global Mares Limpos, promovida pela ONU Meio Ambiente, que nos alerta para um problema gravíssimo: a poluição dos oceanos, principalmente por materiais plásticos. Segundo a coordenadora da campanha no Brasil, Fernanda Daltro, se nada for feito, em 2050 haverá mais plástico do que peixes nos oceanos.

A Abralatas teve o privilégio de participar das palestras da Cúpula Mundial dos Oceanos, promovida pela revista The Economist, incluindo no debate tema que há muito tempo é estudado e reconhecido pela União Europeia como solução para problemas ambientais: a instituição de mecanismos de natureza tributária para a redução da poluição ambiental. Palestrante nesse importante encontro, nosso presidente executivo, Renault Castro, mostrou para representantes do mundo inteiro que essa é uma solução que seguramente reduzirá o consumo de produtos que causam danos ao meio ambiente, como certos tipos de plásticos, orientando a economia para a produção de bens e serviços de menor impacto ambiental, em relação aos níveis atuais.

Infelizmente, como apuramos nesta edição, são poucos os partidos políticos e projetos de lei em tramitação no Legislativo que tratam do tema. Não se pode fechar os olhos para uma pesquisa como a realizada pelo Instituto Oceanográfico da Universidade de São Paulo, que constatou que 95% do lixo encontrado em nossas praias são formados por plásticos, como garrafas, copos, canudos, redes de pesca. Novos olhares sobre a política brasileira podem nos fazer mudar a nossa rotina, deixar o comodismo para alterar os padrões de consumo em benefício do meio ambiente.

Otimismo temos também em relação a um evento muito estimulante para o consumo de bebidas – e de latas, claro. A Copa do Mundo da Fifa, na Rússia. Nesta edição, trazemos um artigo exclusivo do ex-camisa 10 da seleção, Zico. O Galinho de Quintino, que empresta seu nome para um clube de assinaturas de cerveja, vê um time pronto para vitórias.

Sim, somos otimistas. A vitória do Brasil em todos os campos – inclusive no destino de seus resíduos e rejeitos – mostrará nosso país pronto para todos os desafios. Otimismo sim, mas cumprindo com a nossa obrigação ambiental e torcendo para que todos, e não apenas alguns, contribuam igualmente para recuperar e preservar o meio ambiente. O país tem solução.

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