O cuidado com o meio ambiente começa dentro de casa com a separação correta das embalagens e demais resíduos sólidos jogados diariamente no lixo. Separar o lixo seco do lixo orgânico é uma atitude simples que facilita a vida de quem trabalha com a coleta seletiva e ajuda a preservar o meio ambiente. Mas não basta apenas ter lixeiras diferentes para descartar o material orgânico e o seco. É preciso também cuidado para que resíduos sujos recicláveis não prejudiquem a qualidade do lixo seco.
Diariamente milhões de toneladas de resíduos recicláveis são jogados em lixões ou aterrados, simplesmente por falta de orientação para a separação dos lixos dentro de casa. O Serviço de Limpeza Urbana de Brasília (SLU), por exemplo, constatou que 75% do material coletado por cooperativas estão em condições de ser reaproveitados. Quando a coleta é feita por empresas, o percentual cai para 50%. Um dos motivos é a orientação que os catadores de materiais recicláveis repassam aos moradores da região para acondicionar o lixo domiciliar, melhorando a qualidade dos resíduos que podem ser reutilizados e reciclados.
“Quando as pessoas separam o lixo em casa, devem evitar que o material reciclável se misture com papel higiênico, guardanapos e absorventes que acabam contaminando o material que pode ser reaproveitado”, explica Ronei Alves, representante do Movimento Nacional dos Catadores de Materiais Recicláveis (MNCR) no Distrito Federal. Ele acredita ser possível triplicar os ganhos para catadores, cooperativas e para o meio ambiente se houver a separação e o descarte correto do lixo dentro de cada residência.
Pesquisa nacional sobre saneamento básico divulgada em 2015 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostra que são recolhidas, no Brasil, cerca de 180 mil toneladas diárias de resíduos sólidos. Aproximadamente 60% vão parar em lixões a céu aberto, sem nenhum tipo de tratamento. O prejuízo econômico para o Brasil causado pelo descarte incorreto de lixo supera a cifra de R$ 8 bilhões anuais, de acordo com estudo publicado, em 2010, pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA).
Atualmente, segundo o Compromisso Empresarial para reciclagem (Cempre), aproximadamente 18% das cidades brasileiras contam com serviço de coleta seletiva. Um número baixo se considerarmos que o Brasil possui mais de 5 mil municípios. Quando chegam ao centro de triagem, os resíduos são separados e parte é completamente descartada, apesar de reciclável, porque não foi adequadamente acondicionada. “Se receber o cuidado adequado desde o acondicionamento nas lixeiras domésticas, o material chega com melhor qualidade para o reaproveitamento”, avalia Renault Castro, presidente executivo da Abralatas, que defende campanhas de esclarecimentos para a população.