12-02-2015

Formato ideal

Após crescimento de 10%, setor aposta nas latas especiais para 2015.

Na contramão de outros setores da economia que tiveram fraco desempenho em 2014, o mercado brasileiro de latas para bebidas cresceu 10,7% em relação a 2013, com venda de 23,8 bilhões de unidades. O crescimento, principalmente no primeiro semestre do ano, foi puxado em grande parte pelo carnaval tardio, que aconteceu no mês de março, seguido da realização da Copa do Mundo FIFA de Futebol nos meses de junho e julho. Apesar da boa performance do setor em 2014, os fabricantes da embalagem são cautelosos ao falar sobre expectativas para 2015.

“Em virtude do aumento das tarifas de energia, do reajuste do imposto sobre bebidas frias, dos aumentos da inflação e do câmbio, espera-se que o mercado sofra uma desaceleração de forma geral”, pondera Carlos Medeiros, presidente da Rexam. Para ele, a indústria deverá focar no gerenciamento e no controle dos custos em 2015.

O presidente da Crown Embalagens, Wilmar Arinelli, também enxerga o ano de 2015 com ressalvas. “Não acredito em um crescimento como o de 2014. Teremos no máximo um crescimento de um dígito baixo, em função da economia estagnada”, adiantou.

O diretor comercial da Latapack-Ball, Jorge Bannitz, vai além. Para ele é possível que haja um recuo na produção de bebidas. “Mesmo com essa possibilidade, acredito que temos boas chances de continuar aumentando a participação da lata de alumínio no consumo dos brasileiros. De certa forma esse crescimento pode compensar possíveis revezes”, avalia.

Para fazer frente à crise econômica, o setor aposta agora nas latas em formatos especiais, que têm caído cada vez mais no gosto do consumidor. Já em 2014, o consumo deste segmento teve crescimento expressivo, segundo o presidente da Rexam. Carlos Medeiros adiantou que ao longo do ano a empresa continuará investindo na produção dessas embalagens de diferentes formatos. “Manteremos foco nas inovações em tintas e vernizes. As latas Editions, que permitem a impressão de até 24 artes diferentes por palete, as garrafas Fusion, as mais leves do mercado, e o nosso SuperLatão de 710 ml seguem sendo os destaques da nossa linha de produtos”, afirmou.

Medeiros disse ainda que no ano passado a empresa aumentou a capacidade de atendimento à demanda por latas especiais realizando investimentos importantes nas linhas de Brasília/DF, Pouso Alegre/MG e Águas Claras/RS. “Ampliamos a nossa capacidade de produção de latas especiais e também inauguramos nova linha de produção no Chile, trazendo ganhos de capacidade e versatilidade adicionais, já que essa linha é voltada para a produção de formatos diferenciados”, explicou.

A Crown Embalagens também aumentou sua capacidade de produção em 2014 inaugurando nova fábrica de latas em Teresina/PI e uma linha adicional na unidade de Cabreúva/SP. “Fizemos esses investimentos em 2014 visando atender às demandas de mercado”, explicou Wilmar Arinelli, adiantando que, devido às incertezas na economia brasileira, a empresa não pretende fazer investimentos em 2015.

Tributação Sustentável

Com a expectativa de baixo crescimento da economia, a indústria de latas para bebidas busca meios de amenizar os impactos negativos na produção em 2015. O setor aposta no aumento de eficiência, na redução de custos e vai intensificar o diálogo com o governo para que as políticas públicas contemplem benefícios tributários aos bens com menor impacto ambiental, como a latinha.

“A constituição brasileira prevê tratamento tributário diferenciado para produtos que protejam o meio ambiente. É preciso que este tratamento seja colocado em prática para viabilizar a promoção de quaisquer produtos que gerem menor impacto. Desta forma, será possível construir uma sociedade cada vez mais ambientalmente consciente”, defendeu Carlos Medeiros.

Wilmar Arinelli, presidente da Crown Embalagens, também considera a medida muito importante, pois a sociedade está cada vez mais sentindo na pele os efeitos da agressão à natureza. “O consumo de produtos com baixo impacto deve ser estimulado em detrimento dos que poluem, sujam e alteram o meio ambiente. Como o preço tem peso importante na decisão de compra do consumidor, esta medida com certeza seria um estímulo ao consumo de bens mais sustentáveis”, declarou.

A produção de bens mais sustentáveis muitas vezes tem um custo maior. Pensando nisso, Bannitz, da Latapack-Ball, defende uma tributação menor nesses casos. “A fabricação de produtos mais sustentáveis exige um grande aporte de tecnologia, assim como a utilização de matérias primas mais sofisticadas. Nada mais justo que o Estado incentive estes setores, pois haverá uma contrapartida com a redução dos custos proporcionados por produtos de maior impacto ambiental”.

>> Notícias da Lata - Edição 59

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