05-11-2014

Desoneração compensa o custo e estimula a logística reversa

A criação de mecanismos para garantir a desoneração do custo da implantação da logística reversa é o caminho apontado pelo economista Bernard Appy (foto). Diretor de Políticas Públicas da LCA Consultores, Bernard lembra que ao discutir a concessão de incentivos públicos é preciso considerar as dimensões continentais do país, as quais impactam no custo da logística reversa, processo, hoje, já realizado por grande parte do próprio mercado.

 

Bernard Appy

Para o palestrante, ao definir as metas para a logística reversa, em termos de volume a ser recuperado e abrangência geográfica, é muito importante a consideração, não apenas dos benefícios ambientais dessas metas, mas também seu custo econômico. “Ainda assim, é muito provável a constatação de que a recuperação e a reciclagem via mercado não serão suficientes para garantir o cumprimento das metas. Ou seja, haverá um custo para as empresas que colocam no mercado o material passível de recuperação”.

“Há mais de uma forma de introduzir esse mecanismo, mas a mais eficiente e transparente é explicitar o custo da logística reversa em todas as transações – da indústria para o atacado, desta para o varejo e ao consumidor final – e excluir a receita advinda da cobrança desse custo da base de incidência dos tributos. Esse mecanismo é conhecido em outros países como visible fee”, complementa o economista.

 

 

Empresas como catalisadoras das mudanças de comportamento

marina_grossi

O estímulo a empresas para a promoção do crescimento econômico sustentável pode influenciar outros segmentos da cadeira produtiva e da sociedade, produzindo comportamentos com menor impactos ambientais e sociais. A avaliação é da presidente do CEBDS (Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável), Marina Grossi (foto), que apresentará o tema “O impacto socioambiental da tributação sustentável” no Ciclo de Debates Abralatas 2014.

O CEBDS, que recentemente enviou uma carta aberta aos candidatos à Presidência com 22 propostas de boas práticas para transformar um ativo ambiental em vantagem competitiva internacional, atua em duas frentes, buscando influenciar as politicas públicas e incentivando as grandes empresas a fazerem o mesmo empenho nas cadeias de valor. “As empresas são os principais catalisadores das mudanças no mundo”, avalia Marina. De acordo com a pesquisa do instituto Ipsos, 63% das pessoas acreditam que as empresas são os agentes que mais podem conduzir mudanças no mundo. “Afinal, as empresas respondem por 70% da geração de postos de trabalho e 60% do PIB dos países. Essa percepção é um grande diferencial e influencia na tomada de decisão das lideranças”.

Marina acha que há uma grande convergência entre o tema do evento e o documento que o CEBDS entregou aos presidenciáveis: a Agenda CEBDS – Por um País Sustentável. “Um novo sistema de tributação que considere o impacto socioambiental pode alavancar produtos mais verdes e estimular uma nova forma de fazer negócios no país, estimulando a economia de baixo carbono”, avalia.

“Em um primeiro momento, o consumidor em geral pauta sua decisão de compra especialmente pelo fator monetário. Por isso, são tão estratégicas políticas públicas que incentivem a iniciativa privada e o próprio poder público a trabalhar produtos e serviços mais sustentáveis, seja do ponto de vista econômico, ambiental ou social”, analisa a presidente do CEBDS.

 

Melhores experiências internacionais valorizam a reciclagem

Anders Linde

As experiências internacionais de tributação de embalagens com critérios sustentáveis é o tema da palestra do secretário-geral da Metal Packaging Europe, Anders Linde (foto). Um dos exemplos que deve ser citado é o caso da Noruega, onde há um regime que pune com impostos elevados as embalagens que apresentam baixos índices de reciclagem ou de reutilização. “A partir do índice de reciclagem de 25%, essa tributação começa a ser linearmente reduzida e é eliminada quando esse indicador ultrapassa 95%”, relata.

Apesar de outras experiências para estimular embalagens de menor impacto ambiental, o executivo acredita que a melhor alternativa são as que se basearam no índice de reciclagem. “A cobrança de impostos sobre a utilização de aterros ou sobre a exportação de resíduos de embalagens, resultaram apenas em incentivos indiretos para a reciclagem, pouco contribuindo para que a cadeia produtiva de embalagens funcionasse como um ciclo fechado, ou seja, maximizando o reaproveitamento dos resíduos das embalagens”.

 

 

>> Notícias da Lata - Edição 58

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