15-08-2009

Crescimento consolidado

Renault de Freitas Castro, Diretor Executivo da Abralatas, é economista (M.Sc.), com MBA em Direito Econômico.
Renault de Freitas Castro, Diretor Executivo da Abralatas, é economista (M.Sc.), com MBA em Direito Econômico.

Renault de Freitas Castro,
Diretor Executivo da Abralatas, é
economista (M.Sc.), com MBA em
Direito Econômico.

Dezoito anos após a fabricação no Brasil da primeira latinha de alumínio, a embalagem vem consolidando conquistas e ganhando cada vez mais a preferência  do consumidor. O ano de 2007 fechou com um volume de vendas que ultrapassou, pela primeira vez, a marca de 12 bilhões de unidades. O crescimento sobre o ano anterior, que já havia registrado recorde histórico, foi de 13,5%, um índice mais de duas vezes superior ao da economia brasileira e muito maior que qualquer outro tipo de embalagem para bebidas.

Os números iniciais de 2008 confirmaram esta ascensão da latinha. Houve um crescimento de 11,3% nas vendas no primeiro semestre em relação ao mesmo periodo de 2007.

No total, foram comercializadas em 2007 12,2 bilhões de latinhas, ou cerca de 386 a cada segundo. Em relação a 2006, foram 1,5 bilhão de latas a mais, ou três vezes a produção anual da Argentina. O consumo per capita no país subiu para 65 latas/ano.

Diversos fatores explicam a performance da embalagem, além da preocupação ambiental que se difundiu pelo mundo. A expansão territorial da malha fabril foi determinante para obtenção de ganhos de eficiência que permitiram reduzir o custo de produção e logística da latinha, tornando-a mais competitiva em relação a outras embalagens. Concentradas inicialmente na Região Sudeste, fábricas passaram a ser implantadas em todas as demais regiões do país nos últimos dez anos, uma estratégia que se mostrou decisiva para a lata de alumínio.

Em 2007, verificou-se o surgimento de linhas de produção diversificadas, ampliando as opções para o consumidor com embalagens em tamanhos diferentes. A indústria de bebidas também introduziu novos produtos e utilizou a lata como destaque mercadológico, aproveitando as várias potencialidades da embalagem, como a maior superfície para impressão de alta qualidade e a empatia da lata com o público jovem.

Aliado às estratégias dos fabricantes de latas de alumínio, o setor beneficiou-se do aumento da renda média do brasileiro. Com mais dinheiro no bolso, o consumidor diversificou suas opções de compra e passou a consumir produtos mais sofisticados, que não estavam na sua lista tradicional. Verificou-se um aumento do consumo nos supermercados, um dos principais canais de distribuição das bebidas em latas. Embalagem sofisticada, a latinha entrou de vez na lista de compras de boa parte dos brasileiros.

A valorização do real ao longo de 2007 e do primeiro semestre de 2008 também afetou positivamente o setor, compensando em parte a elevação dos preços do alumínio no mercado internacional. Como cerca de 70% do custo da latinha se devem ao alumínio, a desvalorização do dólar no Brasil nesse período serviu de contrapeso parcial para a elevação do preço dessa commodity. A latinha se tornou, em reais, mais atrativa e competitiva em relação aos seus concorrentes.

Além do crescimento da renda, outro fator que contribuiu para o forte aumento das vendas de bebidas em 2007 foi a grande quantidade de feriados que “prolongaram” os fins-de-semana. No ano passado foram registrados dez feriados às segundas e às sextas-feiras, o que favoreceu o consumo de cervejas e refrigerantes.

O quadro aqui apresentado reflete o otimismo que tomava conta da economia brasileira até o primeiro semestre de 2008. Acreditamos que as principais conquistas desse próspero período, que incluem o crescimento da massa salarial, dão maior consistência ao mercado interno no que tange ao seu potencial de consumo e, assim, fortalecem o país para o enfrentamento de adversidades econômicas às quais todo o mundo está sujeito.