22-04-2014

Coleta na Copa

Parceria garante sistema diferenciado de recolhimento de resíduos nas cidades do Mundial.

Com expectativa de crescimento de 6% a 9% no consumo de bebidas durante os jogos da Copa do Mundo da FIFA, prefeituras, fabricantes, associações de catadores e até times de futebol se mobilizam para desenvolver um sistema diferenciado de coleta seletiva neste período. “Os fabricantes de bebidas sinalizam que teremos, em junho, um consumo similar a um mês de verão. Desse modo, essa união se torna fundamental”, analisa Renault Castro, diretor executivo da Abralatas.

Modelos de gestão integrada equivalente ao utilizado na Copa das Confederações (2013), considerados exitosos, poderão se repetir a partir do dia 12 de junho. “Essa será a oportunidade para as cidades-sede atraírem investimentos, planejarem a gestão dos resíduos e serem estimuladas a aumentar a coleta seletiva, mobilizando a população para a nova prática”, recomenda Victor Bicca Neto, presidente do Compromisso Empresarial para Reciclagem (Cempre).

Durante o primeiro jogo da competição, em 12 de junho, na Arena Corinthians, o Município de São Paulo contará com a parceria da administração do Timão. “O Corinthians está contratando uma empresa autorizada pela Prefeitura Municipal de São Paulo (PMSP) para coletar os resíduos, e será cadastrado junto à PMSP como Grande Gerador de Resíduos Sólidos”, declara Julia Moreno Lara, diretora do Departamento de Planejamento e Desenvolvimento da Autoridade Municipal de Limpeza Urbana (Amlurb).

Coleta na Copa

Em Belo Horizonte, que possui duas modalidades de coleta seletiva de materiais recicláveis (papel, metal, plástico e vidro), a “ponto a ponto” e a “porta a porta”, a Superintendência de Limpeza Urbana mobilizará suas equipes para suprir demandas extras durante a Copa do Mundo, recolhendo todos os tipos de resíduos. “Para uma adequada gestão dos resíduos serão também realizadas parcerias com as cooperativas de catadores, além da instalação de contêineres para a coleta seletiva em pontos estratégicos”, destaca Aurora Pederzoli, chefe do Departamento de Programas Especiais da SLU.

De acordo com Carlos Medeiros, presidente da Abralatas, o catador, hoje, exerce uma atividade econômica fundamental para o país. Mas o que se faz necessário é garantir a eles, e às cooperativas, um trabalho mais digno, capacitação, maior produtividade e renda. “Atualmente, estes recebem, em média, entre R$ 700 e R$ 1.200 mensais, valor que pode ser ainda aumentado com as políticas públicas especialmente concebidas para o setor”, idealiza Medeiros.

Na cidade do Rio de Janeiro, onde será disputada a partida final da Copa no dia 13 de julho, a gestão dos resíduos também contará com a participação de catadores e, ainda, com a cooperação da Coca-Cola, parceira também das outras 11 cidades-sede do campeonato. Por meio do projeto Coletivo Reciclagem, o Instituto Coca-Cola oferecerá aos catadores capacitação técnica e investimento em equipamentos, a exemplo da Copa das Confederações. Na ocasião, cerca de 70 toneladas de lixo sólido produzidas nos estádios durante as partidas foram coletadas e encaminhadas à reciclagem nas cooperativas apoiadas pela Coca-Cola Brasil.

Já no Centro-Oeste brasileiro, o município de Cuiabá criou a Secretaria da Copa que, juntamente com a Secretaria de Serviços Urbanos, deverá executar um plano de recolhimento diferenciado para os locais de alta concentração de pessoas. De acordo com Tony Schuring, fiscal de Resíduos Sólidos Urbanos da Secretaria Municipal de Serviços Urbanos de Cuiabá, haverá a coleta seletiva solidária com a participação das organizações de catadores, parceiras da prefeitura em lugares como o Fan Park (local preparado para receber os torcedores) e a Arena Pantanal.

O compartilhamento de responsabilidades está presente também em atividades programadas para algumas cidades do Nordeste. No Recife, a população poderá auxiliar a prefeitura depositando lixo nos ecopontos, lugares espalhados pela cidade que terão lixeiras para recebimento de embalagens nas rotas protocolares da Copa e nos locais em que houver concentração de população para assistir aos jogos. E, em Natal, as cooperativas participarão ativamente do processo de coleta, indo diretamente às fontes geradoras, onde serão colocados contentores. “A Companhia de Serviços Urbanos de Natal, a Urbana, possui dois contratos de prestação de serviços. Um conosco e o outro com a Coopcicla. Juntas, fazemos 60% da cidade e, na Copa, intensificaremos este serviço para tornar Natal uma cidade cada vez mais limpa e sustentável”, projeta Severino Lima Júnior, presidente da Coocamar, cooperativa de catadores de materiais recicláveis do Rio Grande do Norte.

Na cidade nortista de Manaus, haverá uma logística específica para atender ao entorno do estádio durante o período da Copa 2014. “A prefeitura (UGP Copa e Semulsp) está trabalhando para que as empresas fabricantes e distribuidoras de bebidas contratem catadores durante o período da Copa, com base na Lei 12.305, de 2010, que instituiu o conceito de responsabilidade compartilhada”, indica Geysa Hissa, assessora técnica da Secretaria Municipal de Limpeza Pública (Semulsp) de Manaus.

O diretor executivo da Abralatas, Renault Castro, preconiza que o Mundial da FIFA seria uma ótima oportunidade para adequar essas capitais a uma regulação moderna e importante como a que foi introduzida pela Política Nacional de Resíduos Sólidos. A Abralatas faz parte da Coalizão formada por entidades representativas da cadeia produtiva de embalagens, grupo que apresentou ao Ministério do Meio Ambiente uma proposta de Acordo Setorial para se adequar à legislação. “Todos temos responsabilidade pela adequada disposição e destinação dos resíduos que produzimos. Mas cabe aos municípios uma parcela dessa responsabilidade da qual depende o cumprimento das obrigações de todas os outros demais componentes de cada cadeia produtiva: trata-se da coleta seletiva, serviço de responsabilidade exclusiva dos municípios, por determinação constitucional. Sem a execução eficaz desse serviço, é inviável o cumprimento das etapas seguintes na cadeia de responsabilidades”.

 

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