17-05-2021

Ball abre 11ª fábrica no país e dá maior espaço às mulheres

Para acompanhar o crescimento da demanda do mercado brasileiro de latas de alumínio para bebidas nos últimos anos, a americana Ball está instalando mais um fábrica no país, com investimentos de US$ 90 milhões (quase R$ 500 milhões). A líder mundial já opera dez unidade fabris no Brasil e responde por pouco mais da metade da venda total de latas, que somou 32 bilhões em 2020.

A nova fábrica, que ficará pronta no terceiro trimestre, além das últimas tecnologias de produção, será um novo marco para a Ball América do Sul, diz o brasileiro Carlos Pires, que preside os negócios de embalagens na região.

Quase metade, 48%, da mão de obra nas linhas de produção será feminina, com preparação e treinamento patrocinados pela empresa. Não parece muito significativo? O fato é que, até agora, a média de participação das mulheres no chão de fábrica das 13 unidades da Ball no Brasil, Chile, Paraguai e Argentina é de apenas 7%.

Normalmente, a maioria das mulheres fica restrita a trabalhos na área administrativa das unidades industriais. Isso vai mudar, afirma Pires. “Diversidade e inclusão são parte de uma decisão que tem por objetivo equilibrar os gêneros nas nossas operações”, diz.

No todo, somando atividades produtivas, administrativas e de apoio, a Ball emprega cerca de 2.500 funcionários no país.

Assim, disse o executivo, há o compromisso em ter toda a liderança nas unidades capacitada no treinamento de liderança inclusiva. “Temos metas de elevar os melhores profissionais a todos os postos”. O objetivo da companhia é aumentar o percentual de mulheres nos níveis executivos – gerência, diretoria e vice-presidência – e nas posições técnicas, com igualdade de remuneração.

A Ball pretende também ampliar o percentual de diversidade racial em novas contratações.

O plano para acelerar o processo na América do Sul inclui treinamento para 300 líderes na região, revisão de políticas em recursos humanos, programa de empoderamento para liderança feminina e capacitação técnica.

Em Frutal, serão contratadas pouco mais de 80 pessoas para a operação, sendo 40 mulheres. Elas também estarão em 9 posições administrativas. No todo, serão pouco mais de 100 pessoas.

A fábrica de Frutal, que se junta a duas outras em Minas – Extrema e Pouso Alegre – terá capacidade inicial para fabricar 1,5 bilhão de latinhas ao ano, em dois tamanhos – 269 ml e 350 ml.

A localização, afirma Pires, é estratégica por estar bem próximo da maioria dos clientes – principalmente fabricantes de cervejas – e dentro do grande mercado de consumo, o Sudeste. As outras oito unidades da Ball estão espalhadas por RS, SP, RJ, DF, PE e AM (incluindo duas unidades só para tampas).

O mercado de latas no país cresce, com média anual de 8,5% desde 2017. Apesar da pandemia de covid-19, com impacto principalmente em março e abril de 2020, registrou alta de 7,3% no ano, segundo a Abralatas, que reúne quatro fabricantes. A previsão para 2021 é de um dígito alto.

A Ball, destacou Pires, comercializou 11% a mais no ano e 13% no quarto trimestre. De janeiro a março de 2021, conforme balanço global da companhia, a America do Sul registrou alta de 14%.

Segundo o executivo, que ocupa a presidência na região desde 2017 e tem 21 anos de carreira no grupo, a empresa dispunha de produtos para atender a repentina retomada do mercado. “Temos o maior footprint industrial da América do Sul, com o grosso da operação no Brasil”, comentou.

A migração de bebidas para a lata de alumínio já vinha em expansão antes da pandemia: energéticos, vinho, espumantes, bebidas misturadas (drinks) e água mineral e gasosa. Além disso, na pandemia, o consumo da cerveja saltou de 55% para 70% na lata. “Conveniência se tornou o carro-chefe”, disse. Lojas de conveniência e pequenos mercados favoreceram as embalagens para bebidas recicláveis, caso do alumínio.

O Brasil é líder mundial em reciclar latas, com mais de 97%. O portfólio da Ball no país abrange oito tamanhos – de 220 ml até 710 ml, em diversos formatos.

Em 2020, a empresa registrou receita líquida de US$ 1,7 bilhão (mesmo valor de 2019) na América do Sul, com lucro operacional de US$ 280 milhões. Os investimentos no Brasil, incluindo a nova fábrica mineira, somaram US$ 133 milhões no ano passado. Desde que comprou a Rexam no mundo, em 2016, já fez aportes de US$ 213 milhões no Brasil, onde herdou várias fábricas e a liderança de mercado.

Segundo Pires, a Ball America do Sul responde por 18% a 20% da divisão de embalagens para bebidas da Ball Corporation. Presente na América do Norte, Europa, Ásia e Oriente Médio, teve receita de US$ 11,8 bilhões no ao passado.