Soluções apresentadas no Ciclo de Debates Abralatas foram construídas com as sugestões e as necessidades dos catadores
O grande destaque do evento nas três capitais foi o painel Inovações – soluções sustentáveis para coleta seletiva de resíduos sólidos, onde foram apresentados projetos idealizados em várias partes do país, voltados para atender as necessidades de trabalho dos catadores e das cooperativas.
Um projeto desenvolvido no Sul do país tem chamado muita atenção dos envolvidos na cadeia de reciclagem da lata de alumínio. É o “Cavalo de Lata” (foto acima), um carrinho elétrico destinado à coleta de resíduos sólidos idealizado pelo engenheiro Jason Vargas. O projeto nasceu com o objetivo de defender a causa dos animais que são usados até a exaustão puxar carroças utilizadas por catadores para transportar os resíduos coletados. Nossa ideia foi criar um veículo que extinguisse o uso do cavalo como tração e que fosse um equipamento de qualidade para suprir as necessidades dos catadores, destacou Jason.
O primeiro protótipo com motor elétrico e pedal foi testado em dezembro de 2012 pelos catadores da Concat, cooperativa de catadores de Santa Cruz do Sul (RS). O engenheiro logo percebeu que o modelo com pedal era pouco eficiente para a quantidade de peso que era preciso carregar. Jason Vargas sabia que não adiantava dar ao catador um equipamento pouco funcional. Precisávamos que esse equipamento fosse condizente com a atividade desenvolvida pela catador, por isso, o novo foco passou a ser o de transformar o cavalo de lata em um caminhãozinho, todo elétrico, porque ele precisava ser ágil no trânsito e de ser capaz de levar quantidade razoável de material. Chegamos a esse modelo atual, elétrico, que suporta até meia tonelada de material e atinge até 25 km/h. A estimativa é de que ele possa elevar em 6 vezes a produtividade de um catador que se desloca a pé, enfatizou o engenheiro.
Ainda durante o painel de inovação, foram apresentados dois softwares amigáveis, ou seja, de fácil operação, desenvolvidos para auxiliar os catadores no controle e na gestão das cooperativas de reciclagem. O primeiro programa apresentado foi o Catafácil, fruto de uma parceria entre alunos da Universidade Federal de São João Del-Rei (MG) com a Associação de Material Reciclável de São João Del-Rei (ASCAS).
Segundo David Romero, responsável pela apresentação, no princípio a ideia era ajudar a ASCAS a se tornar autônoma. Em determinado momento, durante trabalho desenvolvido na cooperativa, não conseguíamos passar os procedimentos contábeis e financeiros aos catadores. Disso nasceu a ideia de fazer um software para auxiliar os cooperados em sua gestão financeira, disse, explicando que o programa se adequa aos procedimentos da cooperativa, ou seja, ele é personalizado em cada instalação.
O outro sistema apresentado foi o CATAsig, resultado de mais de 10 anos de experiência no assessoramento a organizações de catadores e redes de comercialização em todo o pais. Segundo Uilmer Rodrigues Xavier da Cruz, desenvolvedor do programa, o projeto é voltado para atender as principais questões do ponto de vista produtivo, logístico e administrativo da realidade de uma cooperativa. O Catasig é um software leve que trabalha em um degrau de eficiência estabelecido de acordo com a necessidade de cada um. Ele é adaptável a qualquer tipo de organização de catadores, afirmou Uilmer.