17-12-2013

Mestres da Reciclagem

Um dos destaques do Ciclo de Debates Abralatas 2013 foi a participação de representantes do Movimento Nacional dos Catadores de Materiais Recicláveis (MNCR), que deram verdadeiras aulas de sustentabilidade a estudantes das universidades. “Há 10 anos, seria impossível imaginar um catador ocupando um lugar desse para trocar conhecimento e experiência com professores e estudantes universitários”, destacou Carlos Alencastro, representante do MNCR no Paraná.

Luiz Henrique da Silva, representante do MNCR em Minas Gerais, ressaltou a importância de os projetos e estudos desenvolvidos nas universidades gerarem, de fato, melhorias para as cooperativas. “Muita gente tem usado as cooperativas como espaços de pesquisa e como laboratório de novas tecnologias, mas infelizmente nem sempre os catadores ficam com o resultado desses trabalhos. O resultado acaba sendo muito mais de quem pesquisa do que daqueles que são pesquisados e que poderiam se beneficiar com os resultados. É preciso batalhar para que esses resultados fiquem com a gente, para melhorar o nosso dia a dia”.

Mestres da Reciclagem

A representante do MNCR no Paraná, Marilza Lima, reforçou a importância da participação de futuros biólogos, engenheiros ambientais e outros estudantes de cursos ligados ao tema, para compreenderem o catador como um profissional. “Não queremos assistencialismo, não queremos cesta básica. Queremos ter condições de chegar ao supermercado e fazer nossa compra, ter crédito para comprar uma geladeira”.

Aproveitando a presença de autoridades locais, do estado e da capital, Francisco Erivaldo Gomes de Oliveira, representante do MNCR no Ceará, questionou o desinteresse dos municípios no envolvimento dos catadores na coleta seletiva. “Os gestores estão como um cachorro que cai do caminhão de mudança; não sabem o que fazer com a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS). A Lei diz que tem que haver inclusão social, mas eles estão privatizando o lixo”.

Luiz Henrique da Silva fez uma avaliação de todo o sistema que envolve a cadeia de reciclagem e a adaptação brasileira à PNRS. “Apesar de a política prever uma gestão compartilhada, nós, catadores, convivemos com o desafio de conseguir envolver os diferentes atores que deveriam estar atuando em conjunto conosco na implantação da PNRS. Enfrentamos isso em vários setores, seja no governo federal ou nos estaduais, seja na sociedade civil ou até mesmo na universidade”, destacou o catador.

Para ele, os governos estão achando brechas para não cumprir o que está previsto na Lei. “Nossa impressão é que os Estados estão tendo dificuldades de montar seus planos, pois acabam esbarrando em outros interesses. Acho que há falta de vontade política e de fiscalização eficiente para a implantação da política”.

MNCR

>> Notícias da Lata - Edição 52

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