17-12-2013

Mudança de cultura

Responsável pela palestra magna do Ciclo de Debates Abralatas 2013, o jornalista Fernando Gabeira (foto) falou sobre o processo de construção da Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) e o aprendizado adquirido com a experiência. Gabeira lembrou que a construção da política exigiu uma mudança de cultura em relação ao lixo, uma vez que ainda é complicado para o brasileiro entender que ele pode ser uma fonte de riqueza.

O ex-deputado destacou que há 20 anos defendia para o Brasil a adoção do modelo europeu de responsabilidade social pelo ciclo do produto, onde quem produzisse também deveria ser responsável pela coleta e pela destinação final do material. Entretanto, com o tempo, as discussões foram abrindo novos caminhos que culminaram no texto final da PNRS. Disso nasceu, segundo Gabeira, a ideia de responsabilidade compartilhada para que governo, empresas, comércio, catadores e consumidores fossem responsáveis pela coleta e pela destinação dos materiais recicláveis.

Para ele, a maior dificuldade no processo de construção da nova política foi a de alinhar o interesse de todos os setores envolvidos. “Tínhamos muito medo de que um setor acabasse prevalecendo sobre o outro e o projeto não fosse bom para todos. O interesse em jogo é muito amplo e tomamos o cuidado de ouvir todos para que construíssemos um projeto eficiente e que realmente resolvesse o problema do setor”, destacou o ex-deputado.

Fernando Gabeira lembrou também que o trabalho desenvolvido pela indústria de latas de alumínio deve servir de modelo para avanços maiores de outros setores. Ele destacou o alto índice de reciclagem da lata de alumínio no país, que se repete há vários anos. Para finalizar, o jornalista destacou o desafio atual da implementação da nova política e da necessidade de o país de encontrar soluções rápidas para superar os obstáculos que são inerentes a qualquer inovação dessa natureza. “É muito importante que essa responsabilidade compartilhada seja assumida de fato por todas as partes envolvidas. E não apenas na formulação da política, mas também em sua implementação”, destacou.

>> Notícias da Lata - Edição 52

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