17-06-2009

Perfil: André Vilhena

Ponto importante na discussão da Política Nacional de Resíduos Sólidos é a questão do papel das cooperativas no processo de reciclagem. Esse assunto remete a atuação de um dos pioneiros na organização do modelo brasileiro de reciclagem com a criação, entre outras coisas, de um banco de dados nacional sobre sucateiros e recicladores

André Vilhena, diretor executivo do Compromisso Empresarial para a Reciclagem (Cempre), acha que o país teve um salto na conscientização sobre o aproveitamento de resíduos e as latas de alumínio para bebidas foram fundamentais para a associação do componente social com a reciclagem – fato que colocou o Brasil como modelo no cenário internacional da reciclagem.

Na época em que era considerado loucura falar sobre reciclagem, André Vilhena cursava engenharia química na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e agarrou-se a uma oportunidade de estágio no Instituto de Macromoléculas (IMA). Lá, sua função principal era empregar conhecimentos adquiridos nas aulas de química orgânica na atividade de reciclagem de plástico.

Seus amigos de curso achavam que Vilhena estava perdendo tempo dedicando-se a aprender mais sobre reciclagem. Desde o início de sua carreira profissional o diretor do Cempre escolheu rumos diferentes da grande maioria dos estudantes daquela época, sempre focado na questão da preservação do meio ambiente. Ele não desperdiçou nenhuma oportunidade que o fizesse participar cada vez mais da tendência revolucionária mundial em torno da responsabilidade sócio-ambiental que ainda jovem ele já percebia e acreditava que aconteceria.

Nem mesmo em viagens turísticas pela Europa André desligava-se do assunto. Ele aproveitava para observar movimentos de interesse pela reciclagem e já notava mudanças na forma de trabalhar a questão do lixo. Em 1992 inscreveu-se como voluntário da Rio 92 – II Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento Humano, considerada a maior reunião de chefes de Estado da história na busca de soluções para o desenvolvimento sustentável.

Em 1994, Vilhena começou a realizar pesquisa e consultoria para o Cempre, uma das principais entidades dedicadas à promoção da reciclagem no gerenciamento integrado do lixo, e, em 1998, foi convidado para trabalhar na organização assumindo a função de diretor. Entre outras ações, participou da criação do primeiro banco de dados nacional sobre sucateiros e recicladores e a formulação de publicação, intitulada “Reciclagem e Negócios”, voltada para os interessados em investir na reciclagem.

Na área acadêmica, André dedicou-se a defender tese de mestrado também voltada para a questão da reciclagem. Em sua trajetória profissional, Vilhena recorda-se com satisfação de sua participação em um congresso da UNESCO sobre reciclagem realizado no Japão, em que ele foi selecionado para participar representando o país. Um verdadeiro apaixonado pela causa, Vilhena orgulha-se de ter colaborado para colocar o assunto reciclagem na agenda do governo, do setor empresarial e da comunidade em geral. André destaca que o Brasil conta com um modelo de reciclagem de sucesso, reconhecido internacionalmente. Ele atribui muito desse sucesso ao valor da lata de alumínio que permitiu a associação do componente social à atividade de catadores de lixo, envolvendo principalmente a população de baixa renda.

Na avaliação do diretor do Cempre, o Brasil deu um grande salto em relação à reciclagem, principalmente quando se fala em lixo urbano, e acredita que agora, com a Política Nacional de Resíduos Sólidos, o trabalho tende a ser fortalecido, pois vê a iniciativa como uma oportunidade de amadurecimento e fortalecimento do papel das cooperativas no processo de reciclagem.

>> Notícias da Lata - Edição 26

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