Com a chegada da Ardagh no Brasil e a aquisição da Rexam pela Ball, o mercado de fabricação de latas de alumínio para bebidas está de cara nova
Terceiro maior mercado de latas de alumínio para bebidas do mundo, atrás da China e dos Estados Unidos, o Brasil passa a ter uma nova configuração no setor neste segundo semestre com a chegada da Ardagh (Ardagh Group). A companhia europeia, sediada em Luxemburgo, adquiriu 20% das fábricas de latas e tampas da americana Ball Corporation em todo o mundo – um negócio estimado em 3,42 bilhões de dólares – e passa a controlar 12 unidades na Europa, oito nos EUA e duas no Brasil, com capacidade de produção nacional de 4,5 bilhões de latas por ano.
O setor de embalagens de alumínio, que em 2015 comercializou 24,1 bilhões de latinhas no Brasil, completa-se com a fabricante americana Crown Embalagens. A segunda maior produtora de latas do país tem quatro unidades de corpo e uma de tampa.A operação atende a uma exigência dos órgãos reguladores europeu e americano, e também do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), viabilizando a aprovação da compra da Rexam pela Ball no país. A Ball, que atuava no país em uma joint venture com a Latapack, passou a ser a maior produtora de latas no Brasil, com 10 fábricas de corpo da embalagem e três de tampa.
As mudanças no setor, entretanto, coincidem com um cenário de cautela no mercado de embalagens. “O momento é de organização, de entender como esse mercado se comporta e como vai se estabilizar. Porém, estamos otimistas de que a economia dará sinais de recuperação”, avalia o CEO da Ardagh no Brasil, Jorge Bannitz.
Na Ball, o momento é de harmonizar a integração com a Rexam. “É um ano atípico para a Ball, já que estivemos focados na integração entre as operações que já eram nossas e as operações da Rexam, após a aquisição”, explica Carlos Medeiros, presidente da empresa na América do Sul. “Todos os nossos esforços estiveram concentrados em otimizar nossa eficiência, além de controlar todos os custos do negócio.”
A Crown, na análise de seu presidente, Wilmar Arinelli, vê um ano de retração no mercado de embalagens. “Os volumes de venda de refrigerantes e cervejas devem ficar entre 2% e 5% menores que no ano passado, situação naturalmente refletida no mercado de latas que também apresentará uma redução proporcional”, disse. A alternativa é tentar minimizar os efeitos da crise com a oferta de latas com diversas opções de tamanho, cores, efeitos visuais e táteis, além de manter um forte controle de todos os seus custos de operação.
Medeiros também aposta na versatilidade da lata para manter o mercado aquecido. “Hoje as latas especiais (formatos diferentes de 350ml) já respondem por 40% de nossa operação na América do Sul e entendemos que este é o caminho: atender a qualquer tipo de demanda de consumo, em qualquer formato e em qualquer lugar. Com isso, continuamos acreditando que tanto as latas especiais quanto as mais variadas tecnologias de impressão de rótulos são a tendência para o futuro”.
Mesmo iniciando suas atividades no país, a Ardagh aposta na experiência de seus profissionais para crescer e já anuncia nova unidade. “Com essas aquisições, a Ardagh uniu expertises e tem todo o conhecimento e competência, incluindo centros de pesquisa e desenvolvimento para atender aos anseios dos clientes. Inclusive, em breve, a Ardagh construirá uma fábrica de tampas, mas ainda sem local definido”, revelou Bannitz.