19-07-2006

Exportando responsabilidade social

A associação sem fins lucrativos dedicada à promoção da reciclagem, o Cempre (Compromisso Empresarial para a Reciclagem) tinha um grande desafio pela frente, quando foi criado em 1992: mostrar para a sociedade que o conceito de gerenciamento integrado do lixo é possível. E mais do que isso: pode ser um instrumento capaz de promover ascensão social.

O trabalho dessa ONG tem uma importância tão grande que serviu de exemplo para entidades semelhantes em outros países, como o Sustenta (Compromiso Empresarial para el Manejo Integral de Residuos Sólidos), no México; e o Cempre Uruguay.

A novidade é que o modelo desenvolvido pelo Cempre, considerado benchmark, ganhou a China e acaba de ser exportado para a Tailândia, país que há alguns anos buscava alternativas para lidar com seus resíduos sólidos.

“Tendo em vista os avanços que conseguimos por aqui na área de reciclagem e as semelhanças socioeconômicas entre Brasil e Tailândia, eles abortaram a idéia de adotar um modelo europeu e decidiram copiar o trabalho que realizamos”, conta o presidente do Cempre, Newton Galvão, lembrando que o governo daquele país esteve bem próximo de adotar o sistema alemão.

No final de maio, o staff do projeto na Tailândia esteve em São Paulo, durante uma semana, visitando as principais cooperativas de catadores. O objetivo foi levar um pouco do conhecimento e da experiência brasileira para aquele país.

Batizadas de Circular Economy Committee (CEC) e Thailand Institute of Packaging Management for Sustainable Environment (Timpse), as unidades do Cempre da Tailândia têm como desafio desenvolver a coleta seletiva de materiais, tendo como principal objetivo dar suporte às cooperativas de catadores, como as cerca de 400 existentes no Brasil. Embora a figura do catador exista na Ásia, a atividade não se dá de forma organizada, como no nosso país, onde 500 mil pessoas ganham a vida com a reciclagem.

“Por lá, o quadro é semelhante ao que observávamos no Brasil antes do Cempre entrar em ação, com catadores atuando de forma desorganizada”, comenta Galvão. “Ao aplicar a metodologia que desenvolvemos, eles conseguirão, no médio prazo, garantir a esses cidadãos alguma rentabilidade, ao mesmo tempo em que conferem certa organização à atividade”, conta o presidente da ONG.

>> Notícias da Lata - Edição 8

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