Professor da Universidade de Columbia (Estados Unidos) e PhD em Engenharia do Ambiente, Kaufman detalhou o estudo que foi encomendado pela Coca-Cola britânica. A Análise do Ciclo de Vida (ACV) do refrigerante constatou que a emissão de carbono (CO2) foi bem menor quando envasado em lata. “Não podemos falar que um material é melhor que o outro, porque cada embalagem tem suas vantagens e desvantagens. Mas a lata tem uma performance muito boa”, disse o representante da Carbon Trust.
O estudo analisou toda a cadeia de produção do refrigerante que chega ao consumidor – incluindo matéria-prima (também da embalagem), refrigeração, distribuição e disposição final do produto (e reciclagem). Segundo os números divulgados, a produção de uma lata de Coca-cola (330 ml) vendida na Grã-Bretanha deixou um rastro de carbono (ou pegada de carbono) de 170g. A Reciclagem da lata, segundo a empresa, pode reduzir a pegada em até 60%.
Quando o refrigerante é alterado, o rastro de CO2 também muda. No caso da lata de Coca-Cola Diet ou Zero, a pegada de carbono caiu para 150g. Quando a embalagem é alterada, é possível ver que materiais são mais impactantes (veja tabela com o rastro de carbono de outras embalagens).
Scott Kaufman disse que alguns fatores, como a matriz energética do país, também afetam a quantidade de carbono emitida durante o processo de fabricação. “O Brasil tem alto potencial para redução do impacto”, afirmou, destacando que nossa energia é essencialmente hidroelétrica, considerada renovável e muito mais limpa do que a matriz britânica, fortemente baseada no carvão.
Este ponto, disse o representante da Carbon Trust, é fundamental para os fabricantes de latas de alumínio, pois o consumo de energia é responsável por boa parte do rastro de carbono da embalagem. Se na Grã-Bretanha a lata já tem uma vantagem ambiental sobre outros materiais, a tendência é que este benefício seja ainda maior num país com energia renovável como o Brasil, avaliou Kaufman.
Criada há dez anos pelo governo britânico para desenvolver tecnologia e ferramentas para uma economia de baixo carbono, a Carbon Trust é uma empresa com orçamento público e gestão privada. Estes estudos, reforçou Kaufman, ajudaram a Grã-Bretanha a reduzir em 12% a emissão de CO2 de produtos fabricados no próprio país, desde 2003. Mas, no mesmo período, a emissão de produtos importados aumentou em 20%. Segundo o representante da Carbon Trust, o Brasil é hoje exportador de CO2.