12-08-2014

Custo Brasil

Preço da energia inviabiliza produção de alumínio primário no País

A redução da produção nacional de alumínio pode afetar as condições de competição da lata para bebidas em relação a outras embalagens, na medida em que se alterem os preços das chapas que são o principal insumo na fabricação dessa embalagem. O tema está sendo acompanhado com atenção pelos produtores de latas, que são, juntos, o segmento consumidor nacional mais significativo do metal (cerca de 20% do consumo brasileiro de alumínio).

Números da Associação Brasileira do Alumínio (Abal) indicam uma queda de 16,1% na produção de alumínio primário no Brasil entre janeiro e maio de 2014, em relação ao mesmo período do ano passado. Somente em maio, a produção foi de 81,4 mil toneladas ante 110,6 mil toneladas registradas em 2013 no mesmo mês, uma redução de 26,4%. A explicação é o alto custo de energia para a produção do alumínio no país e preços mais competitivos no exterior, o que acabou transformando o Brasil em um país importador do metal.

Para o diretor executivo da Abralatas, Renault Castro, a queda na produção nacional pode impactar o preço do produto com o aumento da importação, caso os preços internacionais se elevem, ou pressionar o já disputado mercado de compradores de sucata de alumínio. “Embora não haja indicação de que isso vá acontecer, os custos de internação do alumínio importado – frete e impostos – podem provocar aumento do preço da chapa utilizada para produzir a latinha. E quanto à sucata, há uma disputa muito forte entre compradores como a indústria automobilística, a naval, a de ferro-ligas etc e a de latas”.

Além disso, reforça Renault, a importação traz um risco estratégico mais elevado, porque está sujeita a variação cambial, prazos, volumes limitados. “A incerteza afeta o mercado. O resultado é que o alumínio pode, teoricamente, acabar perdendo competitividade em relação a outros materiais, daí nossa preocupação com o problema”.

O novo presidente da Crown Embalagens, Djalma Novaes, vê com preocupação o desbalanceamento comercial externo. “Quando produtores de alumínio primário ganham mais na venda de energia gerada do que na produção de alumínio, fica claro que algo está muito errado”, analisa. Para o diretor comercial da Latapack-Ball, Jorge Bannitz, “haverá algumas alterações na estrutura logística de fornecimento de alumínio, mas teoricamente o mundo não tem falta de alumínio e assim temos apenas uma mudança da origem da matéria-prima que passa a ser importada”. Carlos Medeiros, presidente da Rexam, também acredita que o impacto possa ser contornado, “salvo necessidade de uma gestão mais acurada, de redimensionamento dos fluxos e de aumento dos riscos decorrentes da logística de importação, não há grande desdobramento para o setor”.

 

>> Notícias da Lata - Edição 56

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