12-08-2014

Alívio na Copa

Venda de latas cresce nos primeiros meses do ano, mas provável impacto negativo do segundo semestre ainda preocupa a indústria.

Um Carnaval “tardio”, em março, e um evento internacional como a Copa do Mundo de Futebol, em um período tradicionalmente mais frio, foram os principais responsáveis pelo crescimento das vendas de latas para bebidas no Brasil neste primeiro semestre. O crescimento foi de 20,8% em relação ao mesmo período do ano anterior. Essa evolução decorreu do aumento da produção de cerveja de 11% em relação ao mesmo período do ano passado, segundo o Sistema de Controle de Produção de Bebidas (Sicobe), enquanto a produção de refrigerantes teve um aumento próximo a 3%. Diante de um provável segundo semestre negativo para a economia e para o setor, os números iniciais tornam factível a expectativa de crescimento projetada pela Abralatas para 2014, de um aumento entre 6% a 9% na venda de latas para bebidas.

“No segundo semestre haverá possivelmente um aumento de impostos das bebidas frias. Isso resulta em aumento de preços para o consumidor e consequentemente provoca desaceleração no crescimento de vendas”, prevê o presidente da Rexam, Carlos Medeiros. “A economia brasileira perdeu o momento e está desacelerando. Não vamos conseguir fazer a ponte com boas vendas devido às eleições. E depois, até o próximo verão, haverá um intervalo grande com queda na produção, estoques chegarão no limite e fábricas entrarão em férias coletivas”, analisa Djalma Novaes, presidente da Crown Embalagens.

O diretor comercial da Latapack-Ball, Jorge Banntiz, também dá como certa uma desaceleração do crescimento das vendas. “O segundo semestre ficará bem abaixo da performance do primeiro. Entretanto, o resultado ao final do ano poderá ser positivo para o mercado de latas”, avalia. Para o diretor executivo da Abralatas, Renault Castro, a possibilidade de fechar o ano com um crescimento entre 6% e 9% nas vendas já é muito relevante. “Um resultado fantástico, se considerarmos que a economia brasileira deve fechar 2014 com crescimento do PIB abaixo de 1,5%, resultado que estaria refletindo também uma forte redução do consumo como resultado do pessimismo dos consumidores em relação ao futuro”, analisa Renault.

Investimentos

O crescimento das vendas nesse início de 2014 já era previsto, principalmente por conta da Copa do Mundo, com a movimentação de mais de 4 milhões de pessoas pelo país, sendo 1 milhão de turistas estrangeiros. Prova disso são os investimentos que as empresas do setor desenvolveram. A Rexam, por exemplo, decidiu aumentar a capacidade de produção de latas especiais (diferentes da embalagem tradicional de 350 ml) nas unidades de Belém (PA), Brasília (DF), Pouso Alegre (MG) e Águas Claras (RS). O cenário para a América do Sul também é favorável. “Vamos inaugurar uma nova linha de produção no Chile, com ganhos de capacidade e de versatilidade também, já que é uma linha multiformato”, adianta Medeiros.

A Crown Embalagens também se preparou para o crescimento. Em maio, inaugurou nova unidade em Teresina (PI). “Teremos novos colaboradores para a planta de Cabreúva (SP) onde neste segundo semestre começaremos a operar uma linha especialmente desenhada para fazer latas de diferentes tamanhos e diâmetros”, revelou Djalma Novaes.

A Latapack-Ball, que inaugurou no ano passado sua nova unidade em Alagoinhas (BA), também aposta na boa fase do setor. “A empresa pretende continuar sua trajetória de crescimento e realizará, na medida em que a demanda se concretize, os investimentos necessários para preservar e até aumentar sua posição de mercado”, afirmou Bannitz.

>> Notícias da Lata - Edição 56

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