23-04-2015

A bandeira da sustentabilidade

Novo presidente do Conselho Diretor da Abralatas assume mostrando papel da entidade na defesa de uma política tributária que beneficie produção e consumo de menores impactos ambientais.

Jorge Angel Rosa Garcia, diretor financeiro da Latapack-Ball, é o novo presidente do Conselho Diretor da Abralatas, substituindo Carlos Medeiros que encerra mandato de dois anos. Formado em Química pela Universidade Federal da Bahia, com especialização em processos petroquímicos pela Univesitá di Bologna, Jorge Angel tem no currículo a IMD Business School, uma escola de negócios especialista em educação executiva. Seu objetivo na Abralatas é trabalhar pela Tributação Sustentável, uma forma de estimular o consumo e a fabricação de produtos que causem menor impacto ambiental.

Outra alteração da estrutura da Abralatas foi a mudança de cargo de Renault Castro, agora presidente executivo da entidade. O objetivo é garantir o fortalecimento institucional da associação. Renault está na Abralatas desde 2006, quando assumiu a diretoria executiva.

Nesta entrevista ao Notícias da Lata, Jorge Angel defende uma nova forma de encarar a desoneração tributária para produtos de menor impacto ambiental e sugere que a lata deve avançar também no setor de cervejas premium e superpremium.

Qual deve ser a marca de sua gestão à frente da Abralatas?

A Abralatas foi criada com a finalidade de promover a competitividade da lata para bebidas. Evitar, principalmente, a existência de um tratamento tributário diferente entre as embalagens que possa prejudicar nosso produto também faz parte dos seus objetivos. Além disso, a minha ideia é dar continuidade aos esforços que a Abralatas tem feito para que o país adote uma política tributária verde, que reconheça os benefícios trazidos por produtos de menor impacto ambiental. Esses são meus objetivos principais.

A Tributação Sustentável seria o melhor caminho?

Por ser infinitamente reciclável, a lata de alumínio para bebidas tem forte apelo ambiental. Ou seja, a latinha que você consome hoje é a mesma de ontem. 100% da lata se transforma em lata outra vez. É isso que buscamos: ter um tratamento tributário mais favorável em função do nível de reciclagem. A tributação baseada em critérios de sustentabilidade ambiental beneficia a todos, estimulando o consumo e a produção no sentido de bens de menor impacto socioambiental. Essa bandeira não é só nossa, mas de vários segmentos da sociedade. Queremos contribuir para o sucesso dessa causa.

Mas o governo está como uma política fiscal mais dura atualmente e, inclusive, retira desonerações concedidas. Como convencer o governo de que a tributação sustentável é interessante?

A questão da desoneração não pode ser vista pura e simplesmente do ponto de vista arrecadatório e tributário. Tem que ser analisada também a partir do dispêndio que o governo tem em manter o ambiente limpo e dos benefícios que isso pode trazer para toda a sociedade. Tem que ser analisado o conjunto dos custos e dos benefícios. Se a gente consegue um benefício por reciclar mais, isso estimula que outras embalagens busquem formas de aumentar o nível de reciclagem também, o que gera benefícios para toda a sociedade. Por exemplo, reduzir o volume de resíduos descartados inadequadamente, reduzir o custo de limpeza das cidades, gerar empregos para catadores e reduzir o uso de recursos naturais.

A lata vem ganhando participação no mercado de cerveja por oferecer uma embalagem em formatos e tamanhos diferenciados. Em uma economia com incertezas, esta continua sendo a estratégia para crescer?

Ao longo dos últimos anos isso foi um diferencial para atingir todos os tipos de bebidas e marcas, mesmo as cervejas premium e superpremium. De qualquer forma, grande parte dessas bebidas ainda é envasada em outras embalagens, mas podemos quebrar este paradigma e mostrar que nossa embalagem é ideal para este segmento porque protege o sabor contra os efeitos da luz entre várias outras qualidades.

O setor vai investir nestes segmentos de cervejas premium e superpremium?

É um caminho, mas no período em que a lata cresceu muito e aumentou sua participação, tínhamos um ambiente econômico diferente do que teremos nos próximos anos. O caminho hoje está meio nublado. Temos que aguardar para ver os efeitos que a crise atual vai ter sobre o consumo, principalmente. A sociedade brasileira adquiriu certos hábitos e as pessoas vão pensar duas vezes antes de mudá-los. Este é um ano de espera, de observação para entender qual a tendência do consumidor diante das dificuldades econômicas, do mercado de trabalho, ambiente de juros altos, inflação alta. Um cenário de menor atividade econômica gera uma muita insegurança no consumidor.

>> Notícias da Lata - Edição 60

Mais notícias dessa publicação: