No ano passado as vendas do chamado “latão”, embalagem de alumínio com capacidade de armazenar 473 ml de líquido, tiveram um crescimento de 97% em relação a 2006. A indústria produziu cerca de 300 milhões de unidades e a expectativa é de que esse número chegue a 600 milhões até o final deste ano. As fábricas já registram pedidos das principais indústrias de bebidas, ampliando a produção de latões. O mercado, dominado pela venda das latas tradicionais de 350 ml, demonstra mudanças na escolha do consumidor. Na opinião dos fabricantes, a explicação sobre esse fenômeno de vendas está nas vantagens dessa embalagem que pode ser compartilhada e oferece uma melhor relação custo-benefício, além de ser um reflexo do aumento do universo de consumidores de latas de alumínio.
Segundo o diretor comercial da Latapack-Ball, Jorge Bannitz, durante mais de oito anos o latão esteve disponível para aquisição no mercado, mas a demanda não era expressiva. Ele explica que no mundo, as latinhas de 350 ml representam mais de 90% das unidades vendidas. Durante 40 anos a indústria de lata trabalhou voltada para esse formato padrão. No entanto, com o aumento generalizado nas vendas de latinhas, houve um crescimento no rol de consumidores, atraindo pessoas com gostos diferenciados. “Hoje existe uma massa crítica e um nicho de consumidores que justificam a produção não só do latão, mas também de outros formatos de embalagens de alumínio”, afirma Bannitz. “A partir do momento que aumenta a quantidade de consumidores que antes não compravam produtos em lata, surgem diferenças na preferência com relação ao formato” acrescenta.
De acordo com o diretor da Latapack-Ball, o interesse das cervejarias sobre a produção desse novo formato de embalagem é cada vez maior. Segundo ele, empresas como AmBev, Cervejaria Petrópolis e Schincariol, já usaram o latão e têm a intenção de continuar usando. A FEMSA, empresa dona das marcas Kaiser, Sol e Bavaria, também já entrou em contato com a fábrica e demonstrou interesse pela produção do latão. “Essas empresas estão interessadas, mas ainda há limitação de produção da embalagem por parte dos fabricantes”, destaca o diretor. A Latapack-Ball, que começou a produzir o latão em abril, já prevê uma expansão na capacidade de produção a partir de março do próximo ano. Para 2008, a estimativa da fábrica é de que sejam produzidas cerca de 150 milhões de unidades. Já em 2009 esperam chegar a uma produção total de até 400 milhões desse tipo de embalagem, alcançando, em 2010, 600 milhões de unidades. Ou seja, esperam um crescimento de mais de 150% na produção por ano.
Nova fábrica da Crown vai fornecer o latão para o Nordeste
A Crown Embalagens Metálicas da Amazônia S.A. também prevê a produção de latão em sua nova fábrica que será instalada em Estância, município de Sergipe. Essa fábrica, com expectativa para operar a partir do final deste ano, terá capacidade para produzir 700 milhões de latas, nos formatos tradicionais (350 ml) e latão (473 ml). O diretor comercial da Crown, Altair Frulane, confirma que na nova instalação haverá produção de latão, disponibilizando esse tipo de embalagem para o Nordeste do país.
A empresa entende que existe um importante mercado a ser explorado nessa região. Segundo Altair, o Nordeste vem apresentando importante crescimento no mercado de cervejas e bebidas em geral, e registra maior aumento no consumo de latas, que cresceu no ano passado entre 15% a 20%, quando comparado ao Brasil – que obteve crescimento nacional de 13,5%. “O mercado como um todo no Nordeste está em franca expansão, o que tem feito a Crown apostar na região” afirma Altair. “Já recebemos pedidos para produção de latão das principais cervejarias e indústrias de refrigerantes”, acrescenta.
O diretor comercial da Crown confirma que o mercado de latão está crescendo a um ritmo de 100% ao ano. Para ele, esse fenômeno é causado por vantagens como a boa relação custo-benefício dessa embalagem, o fato de poder consumir mais e pagar menos, além da comodidade oferecida. “Há uma mudança no comportamento do consumidor que, em ambientes festivos como shows e festas, prefere comprar o latão, pois tem mais bebida para consumir e evita voltar ao ponto de venda para comprar novamente”, explica. Para ele, a venda desse novo formato de embalagem compete um pouco com o mercado das garrafas, por poder ser compartilhada.