26-08-2019

Reciclagem: economia equivale a um ano de energia para 7 milhões de brasileiros

Há pelo menos duas décadas, a indústria de latas de alumínio para bebidas projeta o Brasil mundialmente como líder em reciclagem no setor. Em um país com dimensões continentais, o título serve não só como estímulo para que outros setores avancem, mas contribui para a economia em diversos aspectos.

Em 2017, praticamente a totalidade que foi colocada no mercado de consumo voltou para o ciclo produtivo. Das 303,9 mil toneladas de latas comercializadas, 295,8 mil toneladas foram recicladas, atingindo a marca de 97,3% de reciclagem.Temos nas mãos um exemplo claro de redução do impacto ambiental, com mínima emissão de gases de efeito estufa e ampla economia de consumo de energia”, comentou o presidente executivo da Abralatas, Cátilo Cândido. A produção do alumínio a partir da reciclagem consome apenas 5% da energia que seria necessária para produzir o metal a partir da extração da bauxita.

Com isso, o país também economizou em energia elétrica o equivalente a 1% do total gerado em todo o ano – cerca de 4,5 mil GWh – ou 5% da geração anual de Itaipu, energia suficiente para atender à demanda anual residencial do estado de Goiás, ou o consumo residencial médio anual de 7 milhões de brasileiros em 2,4 milhões de residências. (Leia mais sobre reciclagem e os 30 anos desse ciclo virtuoso na página 18)

 

Os números sobre reciclagem de latas no Brasil são divulgados anualmente pela Abralatas, em parceria com a Associação Brasileira do Alumínio (Abal). Cada vez mais, o balanço apresentado pelo setor comprova a necessidade de um debate amplo sobre políticas que estimulem a logística reversa e o manejo correto de resíduos sólidos, com vistas não só à economia, mas à qualidade de vida da população e preservação do meio ambiente.

Para o presidente executivo da Abralatas, uma das questões mais latentes a serem sanadas no âmbito da sustentabilidade na indústria é a multitributação da matéria-prima reciclada. O assunto é ponto-chave nas discussões levantadas pela Frente Parlamentar da Economia Verde, instalada no fim de 2018 depois de ampla articulação da Abralatas junto a diversos setores da sociedade.

“Um produto com vida útil infinita não pode pagar imposto toda vez que entra em circulação. A economia que o nosso setor gera deve ser compensada de modo que possamos investir no avanço de novas práticas sustentáveis”, afirma Cátilo.

O presidente executivo da Abal, Milton Rego, lembra que, mesmo diante das adversidades, o setor não deixa de investir. Ele destacou que, apesar da forte retração econômica que o país sofre desde 2015, a reciclagem do alumínio está em plena expansão.

As duas maiores empresas do segmento, a Novelis e o Grupo ReciclaBR, anunciaram planos importantes para 2019. O Grupo ReciclaBR vai inaugurar novos centros de coleta no país e uma planta de fundição em Minas Gerais. Já a Novelis investirá 650 milhões  de reais em sua fábrica em Pindamonhangaba (SP). “Movimentos assim é que garantem a liderança mundial do Brasil no índice de reciclagem de latas”, conclui o executivo da Abal.

Para Mário Fernandez, coordenador do Comitê de Reciclagem da Abal e CEO do Grupo Recicla BR, o índice de reciclagem das latas de alumínio mostra com otimismo como a cadeia dessa embalagem está inserida na Economia Circular. “E, no que depender do Grupo ReciclaBR, iremos contribuir para a manutenção do alto índice de reciclagem, pois temos sólidos investimentos planejados”, completa.

A atividade reflete-se anualmente, também, na geração de emprego e renda para diversas atividades econômicas. Em 2017, o alto índice de reciclagem das latinhas foi responsável por injetar 1,2 bilhão de reais na economia brasileira. Isso somente na etapa de coleta realizada, inclusive, pelos catadores de materiais recicláveis. Se fosse uma empresa, a “Coleta S.A.” estaria entre as 500 maiores do Brasil, de acordo com o ranking da publicação “Valor 1000 – Maiores Empresas – Valor Econômico” de 2017. O montante corresponde a 1,2 milhão de salários mínimos ou o equivalente ao pagamento de um salário mínimo por mês para todos os moradores de uma cidade com cerca de 100 mil habitantes.

A análise de Ciclo de Vida da lata de alumínio para bebidas aponta que sua reciclagem reduz em 95% a emissão de gases de efeito estufa no meio ambiente. Além disso, relatório recente da Organização Mundial de Saúde (OMS), lançado na Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP24), estima que nos 15 países que mais emitem gases de efeito estufa, os impactos da poluição do ar na saúde custam mais de 4% de seu Produto Interno Bruto (PIB). O documento indica que a exposição à poluição do ar provoca 7 milhões de mortes em todo o mundo por ano e custa cerca de 5,11 trilhões de dólares em perdas de bem-estar no planeta.