02-09-2021

Mercado de latas para bebidas tem alta de 22,6%

Cátilo Cândido, presidente da Abralatas. Foto: André Coelho/Valor

Os fabricantes de latas de alumínio para bebidas, alcoólicas e não alcoólicas, vivem um dos melhores cenários de demanda da embalagem no país. Os volumes de entregas cresceram, em média, 8,5% ao ano nos últimos quatro anos e a previsão para 2021 não deverá ficar inferior a esse percentual. Caso se confirme o desempenho que as empresas vêm tendo, poderá ficar entre 9% e 10%.

No primeiro semestre, na comparação com igual período de 2020, as vendas de latas às empresas envasadoras de bebidas registraram aumento do 22,6%, segundo dados a serem divulgados hoje pela Abralatas, entidade que reúne as fabricantes da embalagem no país: quatro multinacionais e uma companhia brasileira de bebidas.

A expansão ocorre após alta de 7,3% em todo o ano passado, com despachos de 31,8 bilhões de latinhas às clientes locais – produtoras de cervejas, refrigerantes, sucos, chás, energéticos, vinho, espumantes, e até água. Ao se comparar com o primeiro semestre de 2019, houve crescimento de 18%, informou ao Valor o presidente da Abralatas, Cátilo Cândido.

Além da maior demanda observada a partir de junho de 2020, com ajuda do auxílio emergencial do governo e melhora da economia, o executivo aponta aumento do consumo de bebida em lata nas residências, o ganho de participação de mercado frente a outras embalagens (como plástico e vidro) e a adoção da lata por novas categorias de bebidas.

Cândido lembra que a base de comparação tem uma certa distorção porque em abril, principalmente, e maio de 2020 as vendas foram afetadas pelo impacto da pandemia de covid-19 sobre as atividades econômicas do país, de uma forma geral. Depois disso, os índices de expansão foram crescentes mês a mês.

Cândido admite que neste semestre há um ajuste, pois a base de comparação se equilibra.

“Nosso parque fabril tem capacidade para atender sem problemas a demanda atual e o crescimento previsto pela indústria de bebidas brasileira”, afirma o executivo. Montado há exatos 30 anos, o setor de latas de alumínio conta hoje com 24 fábricas no país – 18 de lata propriamente dita e seis de tampas. As unidades estão localizadas em 12 Estados e no Distrito Federal, operadas por Ball (10), Crown (6), Ardagh (3), CanPack (3) e Ambev (2).

Das cinco fabricantes de latas de alumínio instaladas no país, somente as quatro multinacionais são associadas da Abralatas. A Ambev não faz parte da entidade.

Para acompanhar o crescimento da demanda, o setor está investindo US$ 1 bilhão (R$ 5,15 bilhões) – de meados de 2020 a meados de 2023 – na expansão de linhas das unidades existentes e em três novas fábricas. Com aporte de R$ 550 milhões, a Ball deve inaugurar até fim do ano uma unidade em Frutal (MG). A Crown está em fase de construção de sua primeira fábrica em Minas Gerais, em Uberaba, e ampliando a capacidade da unidade de Rio Verde (GO), inaugurada no início do ano passado. Investimento total de R$ 650 milhões. A Ardagh tem também terá uma em Minas, mas ainda não definiu a cidade.

Cândido e executivos do setor lembram que, geralmente, as fabricantes acompanham a expansão de suas clientes. Por isso, se instalam nas proximidades de uma fábrica de bebida, com ganhos de logística. Por exemplo, número de unidades produtoras registradas de cervejas saltou em uma década – de 129 em 2011 para 1.383 no ano passado.

O dirigente da Abralatas lembra que há muito espaço para a lata avançar no país – hoje o consumo per capita é de 151 embalagens por ano. Nos EUA, é o dobro. Ele aponta também as novas categorias de bebidas que utilizam a lata, como vinho, frizantes, energéticos, hard seltzers e outras. Outros fatores são o apelo ambiental (a embalagem tem índice de mais de 97% de reciclagem no Brasil) e praticidade de transporte e armazenagem, além de roubar fatias das embalagens concorrentes.

Desde o ano passado, mais da metade da cerveja vendida no país é por meio da lata – tanto que a Ambev investiu em fábrica própria para garantir parte da embalagem. No auge da pandemia, com bares e restaurantes fechados, a latinha chegou a representar 70% da venda de cerveja. No primeiro semestre, foi a que mais se destacou entre as alcoólicas. Já os energéticos sobressaíram entre as não alcoólicas.

Cândido destaca que lata fina (sleek), de 350 ml, teve aumento de 63% nas vendas do primeiro semestre. “Acompanhou a performance das cervejas premium, com forte crescimento [até 35% no segundo trimestre, conforme informação de fabricantes]”.

Para ele, em 2022/2023, com a volta de consumo em eventos, praias, festas, shows e ao ar livre, o consumo de bebida em lata será beneficiado, pois são atividades que favorecem a embalagem de alumínio pela conveniência.

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