05-11-2015

Reciclagem de latas de alumínio bate novo recorde e Brasil continua líder mundial

País reciclou 98,4% das embalagens consumidas em 2014 e mantém a liderança mundial desde 2001.

A Associação Brasileira do Alumínio – ABAL e a Associação Brasileira dos Fabricantes de Latas de Alta Reciclabilidade – ABRALATAS informam que o país reciclou 289,5 mil toneladas de latas de alumínio para bebidas, das 294,2 mil toneladas disponíveis no mercado em 2014, crescimento de 12,5% em relação ao ano anterior. Com isso, o índice de reciclagem de latas de alumínio para bebidas atingiu 98,4%, mantendo o Brasil na liderança mundial desde 2001. Segundo dados das duas entidades, foram recicladas no ano passado 22,9 bilhões de embalagens, o que corresponde a 62,7 milhões/dia, ou 2,6 milhões/hora.

Segundo o coordenador do Comitê de Mercado de Reciclagem da ABAL, Mario Fernandez, a indústria da reciclagem no Brasil já está bem madura. “Há mais de dez anos somos o país com o maior índice de reciclagem de latas de alumínio do mundo, com desempenhos sempre superiores a 90%. Isto demonstra a maturidade e estruturação do mercado de reciclagem brasileiro. Este é um mercado cada vez mais representativo para a indústria, sociedade e meio ambiente”.

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Para Renault Castro (foto), presidente executivo da Abralatas, “a manutenção do índice próximo aos 100% de reciclagem é uma demonstração de que o modelo, referência para a construção da Política Nacional de Resíduos Sólidos, está consolidado e serve de exemplo para uma economia de baixo carbono, com geração simultânea de emprego e renda, conforme os objetivos que se pretende atingir na COP-21, em Paris”.

Vantagens econômicas e ambientais

Apenas em 2014, a coleta de latas de alumínio para bebidas injetou R$ 845 milhões na economia nacional, contribuindo com a geração de renda e empregos para milhares de catadores de materiais recicláveis. Além disso, a atividade de reciclagem consome apenas 5% de energia elétrica, quando se compara ao processo de produção do metal primário.

Isso significa que a reciclagem das 289,5 mil toneladas de latas em 2014 proporcionou uma economia de 4.250 GWh/ano ao país, número equivalente ao consumo residencial anual de 6,6 milhões de pessoas, em dois milhões de residências.

Ciclo de vida da lata de alumínio para bebidas

A análise do ciclo de vida da lata de alumínio para bebidas no Brasil, estudo inédito realizado pelo Centro de Tecnologia de Embalagem (Cetea), confirma as vantagens da embalagem para o meio ambiente. Segundo a pesquisa, a reciclagem da lata de alumínio para obtenção de uma nova embalagem reduz em 70% as emissões de C02 e em 71% o consumo de energia, entre outros benefícios, quando comparado à lata fabricada apenas com alumínio primário.

A tabela abaixo mostra como o aumento do material reciclado melhora os parâmetros de importantes variáveis ambientais:

Redução de impacto ambiental em relação ao cenário sem reciclagem (%)

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Tributação pode estimular produção e consumo mais sustentáveis

Recorde de reciclagem da lata de alumínio para bebidas não é reconhecido com benefício tributário, apesar de colaborar para uma economia de baixo carbono.

O caminho para uma economia de baixo carbono passa, necessariamente, pela construção de uma política tributária que estimule a produção e o consumo sustentáveis. Esta foi a conclusão a que chegaram especialistas que participaram do Ciclo de Debates Abralatas 2015 – Viabilidade da Tributação Verde, ocorrido há cerca de um mês em São Paulo com a presença dos mais diversos setores da economia. “Acreditamos que a Tributação Verde, com tratamento diferenciado para produtos e serviços de menor impacto ambiental, pode induzir ao consumo responsável e orientar o setor produtivo sobre o futuro que desejamos”, analisa Renault Castro, presidente executivo da Abralatas.

O jurista Ives Gandra Martins, um dos mais renomados tributaristas brasileiros e palestrante do evento, mostrou como é possível utilizar benefícios fiscais para estimular a produção com baixa emissão de gases de efeito estufa. No Ciclo de Debates Abralatas realizado em 2014, o ex-presidente do Supremo Tribunal Federal Carlos Ayres Britto abordou a fundamentação constitucional da Tributação Verde, como um dos princípios da Ordem Econômica e Financeira da Constituição Federal.

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“Há mais de dez anos temos um índice de reciclagem próximo de 100%, com evidentes benefícios socioambientais. Mas isto não é reconhecido em termos de benefícios tributários. Pelo contrário. Com a reciclagem, paga-se impostos diversas vezes sobre o mesmo material, ainda mais sobre a lata de alumínio que é infinitamente reciclável”, lamenta o presidente executivo da Abralatas.

Renault lembra que o Inmetro está discutindo a implantação voluntária da rotulagem ambiental, que dará informações ao consumidor sobre o impacto ambiental dos produtos. “O consumidor se habituou a analisar as propriedades nutricionais de um alimento, que o ajudam a tomar uma decisão de compra. A Análise do Ciclo de Vida de um produto, por um outro lado, traz informações que podem induzir a um consumo mais sustentável”.