27-09-2016

Medalha de Ouro

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Ricardo Alves

Governo do Rio contrata cooperativas de reciclagem para coleta seletiva durante Olimpíadas e pretende ampliar modelo por todo o estado

Os Jogos Olímpicos e Paralímpicos do Rio colocaram em prática uma modalidade que deve se expandir para outros “campos”. A iniciativa, que merece uma medalha de ouro, foi desenvolvida pela Secretaria de Estado do Ambiente do Rio de Janeiro (SEA/RJ), em parceria com a Secretaria Nacional de Economia Solidária do Ministério do Trabalho e com a Autoridade Pública Olímpica (APO). Pela primeira vez na história, a coleta seletiva de resíduos nos locais de competições contou com a participação de cooperativas de reciclagem de catadores de materiais recicláveis.

Durante os 16 dias das Olimpíadas, 33 cooperativas cariocas participaram tanto da coleta seletiva de resíduos quanto da triagem do material. Foram 300 catadores envolvidos, recebendo diária de R$ 80 pelo serviço e comercializando o material reciclável. Segundo o Placar da Reciclagem (www.placardareciclagem.com.br), foram separadas 190 toneladas de papelão, 23 toneladas de plástico e 31 toneladas de metal (incluindo a lata de alumínio).“O resultado foi fantástico. As cooperativas mostraram capacidade em lidar com grandes volumes de resíduos e isso nos dá muita confiança”, comemora Ricardo Alves, coordenador do Programa Ambiente Solidário, da SEA/RJ, apresentando os números do Placar da Reciclagem dos Jogos Olímpicos: 244 toneladas de materiais recicláveis. “Nossa meta agora é levar o programa para todos os 92 municípios do estado, apoiando a contratação de cooperativas de reciclagem pelas prefeituras, como prevê a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS).”

Com o sucesso da operação, a expansão para os municípios do estado pode tornar o Rio de Janeiro o primeiro a adotar integralmente as medidas previstas na PNRS. Ricardo Alves estima que, caso a proposta de contratação de cooperativas seja adotada por todas as prefeituras, o número de catadores atuando no estado – hoje na casa dos 10 mil profissionais – pode triplicar. “É um modelo que, além de gerar renda e emprego, ajuda a preservar recursos naturais”, disse, lembrando que hoje nenhuma cidade do estado adota o modelo.

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Acordo Setorial

Na PNRS, a responsabilidade pelo destino final dos resíduos é compartilhada por todos os envolvidos na cadeia de consumo de bens e serviços. No final do ano passado, foi assinado, com o Ministério do Meio Ambiente, o Acordo Setorial de Embalagens em Geral, que define papéis e responsabilidades das empresas usuárias e fabricantes de embalagens para coleta e reaproveitamento do material descartado.

O modelo, inspirado no processo de logística reversa da lata de alumínio para bebidas, fortalece cooperativas de reciclagem e proporciona melhores condições de trabalho aos catadores de materiais recicláveis. “Esse trabalho realizado pela SEA/RJ trilha o caminho correto ao envolver os catadores. Além disso, mostra para as prefeituras do país que a contratação de cooperativas de reciclagem para a coleta seletiva não é apenas uma determinação da PNRS, mas a melhor forma de atingir as metas de reciclagem, tanto pelo lado ambiental quanto pelo aspecto social”, analisa Renault Castro, presidente executivo da Abralatas.

Em reportagens divulgadas pela SEA/RJ, alguns catadores confirmam o sucesso do modelo. “Essa é uma oportunidade de ter uma renda extra e ter o trabalho de catadora reconhecido. O mundo já acordou que precisa reciclar e no Brasil não pode ser diferente”, disse Valquíria Magalhães, que trabalhou como catadora no Parque Olímpico da Barra. “Essa é uma experiência única e nova. A quantidade de material é bem grande e isso vai ser bom para todos”, ressaltou Wellington de Mattos, outro catador que trabalhou no Parque Olímpico da Barra.

>> Notícias da Lata - Edição 69

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