08-06-2017

Brasília programa desativação de lixão e contrata cooperativas

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Considerado pela Organização das Nações Unidas (ONU) o maior lixão a céu aberto da América Latina, o Lixão da Estrutural de Brasília será totalmente desativado em outubro deste ano, segundo foi divulgado pelo Governo do Distrito Federal. Ele está localizado a poucos quilômetros da Esplanada dos Ministérios e funciona como local de trabalho para mais de 2 mil pessoas, segundo os próprios catadores. Em média, cada um desses trabalhadores consegue obter uma renda mensal de R$ 1,2 mil com o recolhimento de materiais para reciclagem.

De acordo com Ronei, “o maior problema hoje é a falta de vontade política para reduzir impostos de produtos com alto potencial de reciclagem. As latinhas de alumínio, por exemplo, pagam imposto ao serem produzidas e pagam imposto novamente quando são transportadas de um estado a outro para que sejam recicladas”, afirma. Ele defende também que se não houver implantação de coleta seletiva e não for dada destinação correta aos resíduos não adiantará fechar os lixões.

Nove cooperativas estão cadastradas junto ao governo de Brasília para trabalhar com a triagem do lixo. O material que pode ser reaproveitado será vendido pelas próprias cooperativas para usinas de reciclagem, no Distrito Federal (DF) ou em outros estados. Para cada tonelada vendida, o governo deve repassar mais R$ 92 às centrais de triagem, como forma de bônus por compensação ambiental. O governo informou que após outubro, quando se encerra o contrato com a empresa responsável pela limpeza pública na capital federal, a coleta seletiva será realizada por cooperativas em todas as cidades do DF.

“Considero um salto civilizatório na história da nossa cidade. Era uma vergonha para Brasília ter o segundo maior lixão do mundo”, declarou o governador do DF, Rodrigo Rollemberg, em entrevista coletiva. O MNCR recorreu à Defensoria Pública e à Câmara Legislativa do DF para que as demandas dos trabalhadores sejam cumpridas e eles possam ser devidamente inseridos no novo contexto de coleta e descarte de resíduos. Segundo o governador, o projeto do novo aterro sanitário prevê a inclusão de 100% dos catadores credenciados.

O Lixão de Brasília ocupa uma área de aproximadamente 200 hectares e está a 20 quilômetros da Praça dos Três Poderes. Segundo o SLU, nele foram depositadas 830 mil toneladas de dejetos apenas em 2016. De acordo com a Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe), o Brasil tem atualmente quase 3 mil lixões ou aterros irregulares que impactam a qualidade de vida de 77 milhões de brasileiros.

O novo aterro sanitário de Brasília terá 760 mil metros quadrados, 320 mil deles destinados a receber materiais não reutilizáveis. Deve funcionar por 13 anos, a partir do início das atividades, e receber uma média de 2,7 mil toneladas de rejeitos por dia.

“O mais importante é que as pessoas precisam entender o papel fundamental da reciclagem no sistema de limpeza pública do País. O que vai resolver é a boa gestão da limpeza pública com a implantação de coleta seletiva e a destinação de resíduos secos para as cooperativas de reciclagem”, finaliza Ronei Alves.

Colocar resíduos sólidos em lixões é considerado irregular pela Política Nacional do Meio Ambiente, de 1981, e pela Lei de Crimes Ambientais, de 1998. A Política Nacional de Resíduos Sólidos, instituída pela Lei no 12.305, de 2 de agosto de 2010, determinou, entre outras questões, que os aterros sanitários somente poderão receber rejeitos, material que sobra após a retirada de tudo o que pode ser reciclado.

 

>> Notícias da Lata - Edição 73

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